A expectativa de impetuoso crescimento nas vendas de automóveis, em oposição à sensível queda projetada no faturamento dos supermercados, marca as projeções dos economistas para a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) de junho. A estimativa média de dez instituições consultadas pelo Valor Data é de queda de 0,14% para o varejo restrito (que exclui veículos e materiais de construção) entre maio e junho, com sete projeções apontando retração entre 0,20% e 0,60%, uma instituição prevendo estabilidade e duas apostando em alta, de 0,10% e 1,30%.
Ao mesmo tempo, cinco instituições que fazem projeções para o varejo ampliado esperam avanço médio de 3,58%, com aumentos variando entre 2,10% e 4,30%. A discrepância, destacam os analistas, deve-se ao desempenho do setor automotivo, impulsionado pela redução do IPI a partir de junho.
Pelos cálculos do Bradesco, a medida permitiu alta de 35% nas vendas de automóveis entre maio e junho, já considerados ajustes sazonais. "Uma alta dessa magnitude pode ter influenciado o desempenho de outros setores", observa o economista Robson Rodrigues Pereira, que estima alta de 4,3% no varejo ampliado e queda de 0,3% no varejo restrito neste período.
O comportamento negativo esperado para o varejo restrito baseia-se nas vendas dos supermercados, que pelas contas do Bradesco, recuaram 4% entre maio e junho, feitos os ajustes sazonais. A retração nas vendas dos supermercados é interpretada por Mariana Oliveira, da Tendências Consultoria, como um ajuste, e não um arrefecimento da demanda.
No varejo ampliado, Fernanda Consorte, do Santander, chama a atenção para os materiais de construção, cujas vendas caíram 11,3% entre abril e maio. "Pelo menos metade dessa queda será devolvida no indicador de junho." Isso contribuiria para avanço de 2,10% no varejo ampliado no mês.
Veículo: Valor Econômico