Começam a aparecer sinais de que o Magazine Luiza avançou em seu processo de redução de despesas - um dos principais projetos do ano da terceira maior cadeia de eletroeletrônicos do país. Ao mesmo tempo, também há um entendimento, entre analistas, de que a companhia deverá reduzir, no curto prazo, as perdas com o crédito concedido aos clientes. Isso gerou aumento na inadimplência em 2011 e consequente escalada na provisão para perdas. Ontem, a ação da rede na bolsa subiu 5%. O Ibovespa caiu 1,76%.
Essas avaliações têm sido feitas por especialistas a respeito dos resultados da cadeia no segundo trimestre do ano, comentados ontem pela varejista em teleconferência. Controle dos atrasos em pagamento, revisão de gastos internos e ganhos de sinergia (com a integração de redes compradas pela varejista) têm sido o centro das discussões envolvendo o potencial de crescimento do Magazine Luiza.
"Estamos conseguindo entregar o que propomos. Isso inclui a integração com Lojas do Baú, finalizada em fevereiro, a integração com Lojas Maia, que termina em outubro, e a racionalização de custos e despesas na rede", disse o diretor-superintendente Marcelo Silva, em conferência com analistas ontem.
A receita líquida subiu 22,3% de abril a junho, para R$ 1,8 bilhão. Ao se descontar do montante o custo com mercadorias, chega-se num lucro bruto ainda alto, de cerca de R$ 603 milhões, expansão de 25%. A questão é que, ao se subtrair as despesas (nessa conta entra o esforço da rede para cortar custos), o Ebitda atinge R$ 72 milhões, mesmo valor do ano passado. O Ebtida é lucro antes de impostos, depreciações e amortizações.
O que explica a estabilidade no Ebitda são as despesas operacionais, que subiram 30% de abril a junho e foram a R$ 531 milhões.
O peso maior da depreciação e das despesas financeiras reduziu o lucro operacional em quase 54%, para R$ 3,6 milhões. Para a varejista, apesar disso, os números devem ser avaliados positivamente.
O comando diz, por exemplo, que as despesas com vendas e administrativas caíram em relação à receita (de 5,2% para 5% no primeiro semestre). E a provisão para devedores duvidosos, que ainda cresce, tende a diminuir nos próximos meses. De abril a junho, caíram as taxas de aprovação de crédito nas lojas - a rede tem parceria com o banco Itaú . "Não podemos prometer, mas esperamos reduzir a provisão. E já a partir do fim do ano, vamos ter ganhos de sinergia, com o Baú e a Maia dentro da empresa, e os resultados nos últimos meses virão superiores a 2011", diz Silva.
Segundo relatório do BB Investimentos, "com relação às despesas, já é possível ver uma evolução no programa de racionalização de gastos, e com o impacto das despesas extraordinárias minimizado e a finalização da integração da Lojas Maia, a expectativa é de melhora na rentabilidade nos próximos trimestres".
No segundo trimestre, o lucro líquido ajustado foi de R$ 9,5 milhões, versus R$ 1 milhão de abril a junho de 2011.
Na conferência, Silva criticou a prática, usual no varejo, de venda parcelada sem juros - o que reduz potencial de crescimento da receita financeira. "Não é sustentável. Isso é uma bomba, uma armadilha que o varejo precisa desarmar", disse. "Atingiu-se um limite no parcelamento sem juros e no Magazine Luiza decidimos limitar as vendas sem juros no Cartão Luiza ao patamar de 15% das vendas."
Veículo: Valor Econômico