Os resultados da Hypermarcas, divulgados na sexta-feira à noite, foram bem recebidos pelo mercado ontem, numa leitura de que a estratégia da companhia, baseada no mantra "crescimento sustentável e rentável e geração de caixa", está no caminho certo. As ações da empresa tiveram a quarta maior alta da bolsa, de 2,8%, cotadas a R$ 14,15. O Ibovespa recuou 0,3%.
A companhia teve prejuízo líquido de R$ 30 milhões no segundo trimestre. A perda era esperada pelos analistas e reflete o impacto negativo da variação cambial sobre a dívida em dólar, no valor de R$ 161 milhões, sem efeito sobre o caixa da empresa. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado foi de R$ 224 milhões, o melhor resultado trimestral desde 2010.
A receita líquida da empresa aumentou 11% para R$ 957 milhões. O que sustentou o resultado foi a divisão farma (cujo portfólio inclui os medicamentos Doril, Benegrip e Atroveran), que cresceu 21% nas mesmas bases de comparação e foi responsável por 55% da receita líquida no trimestre. A unidade de consumo (que tem entre seus produtos os cremes Monange, as fraldas Pom Pom e os esmaltes Risqué) teve avanço de apenas 0,8%.
O crescimento fraco da divisão de consumo se deve, segundo o presidente Claudio Bergamo, "ao início mais tardio, nessa divisão, do plano de mudanças e a uma ligeira antecipação de compras [pelos distribuidores e varejistas] em março, dado o aumento da tabela de preços no segundo trimestre". Segundo ele, as perspectivas da divisão de consumo, assim como farma, "são muito boas, em especial nas marcas em que somos líderes".
A companhia está integrando a produção e a distribuição de cada divisão, portanto há um pico de investimentos em ativos previsto para terminar no primeiro semestre de 2013. A partir daí, os investimentos devem desacelerar. Bergamo projeta um montante de R$ 150 milhões para 2013 e de R$ 100 milhões para 2014. Nos próximos anos, deve ficar entre R$ 80 milhões e R$ 100 milhões.
A margem bruta se manteve estável, em 62,8%, na comparação com o mesmo período do ano passado, mas vem crescendo desde o terceiro trimestre de 2011, como resultado das mudanças na política comercial, que incluem redução de estoques e maior prazo de pagamento a fornecedores.
Pelo sexto trimestre consecutivo, a Hypermarcas registrou fluxo de caixa operacional positivo, totalizando R$ 237 milhões entre abril e junho, em avanço de 79% sobre os mesmos meses de 2011.
"Após a euforia das aquisições (até 2010) e a tristeza da desalavancagem (em 2011), a empresa entrou em fase de crescimento sustentável, na qual tem voltado gradualmente a fazer o que foi responsável por seu sucesso inicial: lançamentos, renovações e extensões de linha de produtos, suportados por forte investimento em marketing", diz relatório da Fator.
Veículo: Valor Econômico