Carrefour estuda vender as operações da rede na Colômbia e algumas empresas já manifestaram o interesse em comprar o negócio. O Valor apurou que pelo menos duas varejistas - a chilena Cencosud e a americana Walmart - estiveram em contato com a rede francesa nos últimos meses. Cencosud chegou a apresentar uma proposta e as conversas continuam.
A operação do Carrefour na América Latina abriga Brasil, Colômbia e Argentina, com 583 lojas ao fim de 2011 e receita de €13,2 bilhões de janeiro a setembro. Além de Colômbia, não está descartada a venda da subsidiária na Argentina. Mas o Brasil, considerado mercado prioritário do grupo, não está na mesa de negociações hoje. A necessidade de a varejista fazer caixa para sustentar investimentos considerados cruciais para o futuro da empresa explica a estratégia de venda de alguma operação na América Latina.
"A Colômbia já tem rede interessada. Na Argentina, não tem nada sendo tratado hoje, mas se aparecer, eles olham", afirmou um negociador ligado ao Carrefour. Procurada, a cadeia francesa não se manifestou e o Cencosud nega a negociação. O Walmart nos Estados Unidos informa que não comenta rumores de mercado.
Fonte ligada à rede francesa disse que o Carrefour considera a hipótese de deixar a Colômbia não apenas pela necessidade de vender negócios e fazer caixa, como também porque aquele país tem entregue resultados abaixo do esperado pela matriz. A venda naquela país cresceu 1,3% no ano passado (no Brasil, a alta foi de 9%). Em 2011, o Carrefour na Colômbia somava 70 lojas. Em agosto, o alto comando da rede falou sobre operações que poderiam ser negociadas. "Em certos países, como a Polônia, poderemos ajustar nossas posições. Na Indonésia e Turquia também estamos considerando fazer isso", disse na época a analistas Georges Plassat, presidente mundial do Carrefour.
Walmart declarou há quatro meses que está aberta a aquisições no Japão e em países da América Latina. Doug McMillon, presidente da área internacional, citou especificamente a Colômbia como mercado interessante e que até agora o Walmart não está presente.
Sobre a operação do Carrefour no mercado brasileiro, circularam rumores nos últimos dias de que a companhia aceitaria vender a operação de hipermercados e supermercados no país, mas o negócio do Atacadão - que sustenta os resultados positivos do grupo no Brasil - ainda ficaria com os franceses. O Valor apurou que o Carrefour chegou a estudar a venda de imóveis ou até mesmo a abertura de capital da operação brasileira.
No entanto, os dois planos foram abandonados por causa de uma crise na empresa no país em 2010, quando a matriz confirmou que a subsidiária brasileira fraudou balanços. Plassat chegou a ser questionado por analistas em agosto sobre a hipótese de IPO no Brasil, mas ele preferiu não fazer comentários a respeito.
A prioridade da rede com a área de varejo hoje é fazer a virada nos resultados no Brasil, e não se desfazer da operação. Com lojas antigas e grande parte do portfólio ainda focado em grandes lojas de hipermercados (modelo admitido publicamente pelo grupo como pouco rentável) o Carrefour Brasil passa por uma fase de mudanças, com forte corte de despesas e tentativa de reformular formatos nos últimos dois anos.
De janeiro a setembro, as vendas da rede francesa no país somaram €9,2 bilhões, alta de 8,2% sobre o ano passado, informou a rede na última sexta-feira. No terceiro trimestre, as vendas subiram 11,3% e atingiram €3,1 bilhões. O Atacadão tem puxado o crescimento. No ano passado, a companhia informou que 50% da receita no país veio da rede atacadista.
Veículo: Valor Econômico