No Muffato, cliente pesa, registra e paga

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O Grupo Muffato, dono da maior rede de supermercados do Paraná, coloca em operação hoje em Londrina, no norte do Estado, quatro autocaixas. O sistema "self check-out", já bem conhecido em países da Europa, permite que o consumidor registre suas compras e pague por elas, sem a presença do funcionário da loja.

A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) informa que não há outro varejista com autocaixas no país. O modelo já foi testado pelo Grupo Pão de Açúcar (GPA) em 2003, mas o projeto não foi levado adiante. Há apenas um autocaixa na loja da sede do GPA, para empregados, em São Paulo.

Em Londrina, a loja escolhida pela rede Muffato é voltada a clientes de alto poder aquisitivo e na qual 93% das vendas são pagas com cartão de crédito.

Everton Muffato, diretor da empresa que tem 40 lojas e faturou R$ 2,3 bilhões em 2011, diz que começou a tocar o projeto há dois anos. A ideia é levar a novidade a outros pontos de venda em 2013.

Os autocaixas foram colocados do lado direito de quem entra na loja e o projeto custou R$ 500 mil, ou o equivalente a R$ 125 mil por unidade. Segundo o diretor, o valor é quatro vezes maior que um caixa comum, que custa cerca de R$ 30 mil. Na loja de Londrina já 26 caixas registradoras tradicionais.

Cada produto precisa ter o código de barras lido pelo equipamento; depois é colocado em uma sacola que está sobre uma balança. Esta checa se o peso da mercadoria confere com o que foi lido pela máquina.

Frutas e verduras passam por duas balanças - uma que pesa o produto e informa o preço e a outra, da checagem, onde são colocados todos os produtos. Uma tela traz desenhos e nomes das frutas e verduras, em ordem alfabética.

O pagamento precisa ser feito com cartão de crédito ou débito e é o cliente quem o insere, digita a senha e retira o comprovante.

No autocaixa do Muffato, o cliente pode fazer a compra em inglês ou em português. Além das palavras que aparecem na tela, a máquina "conversa" e dá instruções. Há lugar para colocar a cesta de compras do supermercado de um lado e as sacolas que embalarão as compras do outro. Se algo é colocado na sacola sem passar pelo leitor, o sistema manda verbalmente passar o último produto. O serviço é oferecido para os que compram até 15 itens e, pelos testes já feitos, pode reduzir o tempo de atendimento em 20%. "É 100% autosserviço", diz Everton.

A estudante Carolina Cardoso, de 16 anos, testou o serviço na segunda-feira e aprovou. Ela teve dúvida sobre como pagar por frutas, que logo foi esclarecida por uma monitora. Além de câmeras, sempre haverá alguém acompanhando o que acontece nos quatro autocaixas. "Achei muito legal, muito inovador", disse.

Leda Galindo, de 61 anos, primeiro ficou preocupada com a substituição de pessoas por máquinas, mas depois gostou da experiência. "Nunca tinha imaginado que faria isso. É interessante".

"A dificuldade de tecnologia nós já superamos, falta a mudança da cultura, do hábito", diz Walter Maier Neto, gerente de TI do grupo Muffato. A tecnologia foi desenvolvida pela empresa RMS, de São Paulo, que tem fornecedores locais e de fora do país, como Canadá, de onde vem a máquina, e Portugal, onde foi desenvolvido o software. Cláudio Reina, diretor da RMS, aposta que depois do Muffato outras redes vão "agilizar os estudos".

O Pão de Açúcar, que já testou o sistema de autocaixa, decidiu substituir este por outro modelo, o "personal shop", implantado em algumas lojas Pão de Açúcar e Extra. O consumidor usa um "scanner" para selecionar os produtos nas prateleiras. As mercadorias selecionadas são pagas em um caixa tradicional e depois separadas por empregados. A entrega pode ser feita na casa do cliente, com horário programado.

O diretor da Muffato quer "atrair os apaixonados por novidades". Londrina, onde estão seis lojas da rede, foi escolhida por ser a sede da divisão de tecnologia de informação (TI) do grupo. "Se der certo aqui, a próxima a ter o serviço poderá ser de Curitiba", diz ele. "É uma tendência que veio para ficar, mas o tempo de maturação vai depender dos clientes".



Veículo: Valor Econômico


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