Executivo assume o cargo com desafio de melhorar os números em meio a uma disputa entre os sócios
A Viavarejo, holding das redes varejistas Casas Bahia e Ponto Frio, confirmou ontem o nome de Antonio Ramatis Rodrigues como seu novo presidente, no lugar de Raphael Klein. Rodrigues assumirá a presidência da companhia com o desafio de elevar a rentabilidade em meio a negociações entre os sócios, que podem definir o destino da empresa em curto ou médio prazo.
"O desafio será manter as virtudes da Casas Bahia e as necessidade de resultados do Grupo Pão de Açúcar", avalia o coordenador do Núcleo de Estudos de Negócios do Varejo da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Ricardo Pastore. "Os Klein (fundadores da Casas Bahia) foram inovadores em muitas questões, como o sistema de crédito e o acesso ao público de baixa renda, mas o problema é o custo que isso gerou. Isso teve importância, mas agora o momento é outro."
Já um consultor do setor de varejo diz que é muito provável que o novo presidente consiga melhorar os resultados. "Mesmo após dois anos da venda para o Pão de Açúcar e com ganhos de governança, a margem líquida da companhia nos primeiros noves meses do ano foi de 0,6%, o que é bem baixo", afirma. "Em 2013, espera-se um crescimento da economia maior, em torno dos 4%, e o novo presidente deve entregar uma rentabilidade melhor, o que pode colocar a família Klein em uma situação desconfortável, porque apresentou resultados piores", ressalta.
Na opinião de um analista que não quis ser identificado, apesar de a empresa ter saído do prejuízo, a rentabilidade foi baixa. Nos nove primeiros meses de 2012, a companhia teve lucro de R$ 88,1 milhões, frente a prejuízo de R$ 22 milhões em igual período do ano passado. Para ele, o novo presidente é um profissional experiente. "Mas, apesar disso, por ser um executivo da casa, eu não esperaria grandes mudanças."
Sócios. Na terça-feira da semana passada, os sócios da Viavarejo Michael e Raphael Klein se reuniram em Paris com Jean-Charles Naouri, do grupo francês Casino - controlador da Viavarejo -, e disseram estar dispostos a aumentar sua participação dos atuais 47% para algo entre 70% e 75% e assumir o controle da empresa, deixando o Grupo Pão de Açúcar. A Viavarejo, no entanto, poderia, segundo algumas análises, ser usada pelos franceses como moeda de troca para a saída de Abilio Diniz da sociedade com o Casino, inviabilizando o acordo com os Klein.
"Aí entraria um componente não financeiro, que é ter os Klein como minoritários insatisfeitos. Nessa negociação, poderia haver a venda da Casas Bahia para os antigos donos e Abilio ficaria com o Ponto Frio e Nova Ponto.com", afirma um advogado de fusões e aquisições, lembrando que a união das varejistas ainda depende de aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Na opinião de um consultor, a dúvida do mercado é quando o Casino vai se desfazer da empresa. "A rede francesa é focada no varejo de alimentos e, na minha opinião, não faz sentido carregar a Viavarejo." Ele ressalta que Jean-Charles Naouri, é uma pessoa paciente, como demonstrou no investimento feito no Pão de Açúcar, que começou em 1999.
"Os Klein teriam mais pressa para resolver a questão. Depois deles, Abilio teria interesse maior, mas está em situação mais confortável porque tem os imóveis das lojas do Pão de Açúcar e é sócio de um grande grupo internacional."
veículo: O Estado de S.Paulo