A aparente calmaria nas negociações da saída definitiva de Abílio Diniz, filho do fundador do Pão de Açúcar, com o controlador da rede desde junho deste ano, Jean-Charles Naouri não se concretizou. O clima esquentou nas últimas 48 horas.
A discórdia entre os controladores da maior rede varejista é tanta que, Naouri, também presidente do Casino afirmou ontem que, se os ataques por parte do empresário continuarem não haverá mais negociações entre eles. Já Diniz enviou uma carta ao seu sócio, questionando os motivos de ter sido barrado em uma reunião com o corpo diretivo do Grupo Pão de Açúcar (GPA) - ocorrida na segunda-feira, em Paris - sendo que ele é presidente vitalício do Conselho Administrativo e tem o direito de participar das decisões da empresa.
Em carta resposta, Naouri pediu calma e que não negociará sem uma proposta concreta por parte dos conselheiros de Abílio Diniz nem tampouco sobre pressão. "Ao passo que nos mantemos abertos a ouvir uma proposta que atenda aos interesses do GPA, Casino e todos os seus acionistas, eu reitero que não aceitaremos negociar sob pressão e ataques, e que não vamos tolerar qualquer comportamento cujo único propósito seja criar confusão e perturbar a companhia."
Sobre o questionamento de Diniz sobre o futuro do Grupo - sua saída definitiva; Jean-Charles Naouri afirmou categoricamente que, não recebeu uma proposta concreta do executivo. "As ideias trazidas por seus assessores têm como objetivo reescrever a história e nunca reconheceram que temos um contrato vinculante que prevê um contexto claro para sua saída", disse em carta.
Ao que tudo indica, a moeda de troca para que Abilio deixe o grupo seria ficar com a Via Varejo - holding das bandeiras Casas Bahia, Ponto Frio e Nova Ponto.com (varejo on-line). Mas, como a relação entre Diniz e a família Klein (fundadora da Casas Bahia) também não é amigável, os sócios minoritários da Via Varejo tentam desde o começo desse mês, comprar a operação e já estiveram com Naouri para discutir o caso.
Recentemente foi oficializada a intenção de compra da Via Varejo sob o montante de R$ 3 bilhões. Notícias dão conta que o Casino e seu presidente não têm intenção de se desfazer desse ativo.
Passado
A relação de Naouri e Diniz desmoronou quando o empresário brasileiro resolveu negocia, por conta, a compra da também varejista francesa Carrefour em 2011. Irritado com a investida de Abilio Diniz, Naouri, desde então, tenta se livrar o mais rápido possível de seu sócio.
O primeiro passo oficial do empresário francês foi em junho deste ano, quando o mesmo exerceu o seu direito de ser controlador do grupo. Abilio exerceu seu direito de venda de parte de ações com direito a voto, tornando-se então sócio minoritário no Grupo saindo com um montante considerável de dinheiro nessa transação. Desde então, ambos tentam arrumar uma medida viável e lucrativa para que a sociedade seja desfeita.
Abilio está atrelado a um contrato de não concorrência por três anos - em que não pode se unir ou criar uma operação igual a do GPA -, e se realmente a sociedade for desfeita nos próximos meses, todas as negociações envolveram apenas ativos e não dinheiro, segundo especulam analistas sobre o assunto.
Veículo: DCI