Carrefour descarta IPO da rede Atacadão

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O presidente mundial do Carrefour, Georges Plassat, descartou ontem a possibilidade de lançar o Atacadão, a maior rede atacadista do Brasil, na bolsa. Há meses circulam rumores de que o grupo francês poderia realizar um IPO (oferta inicial de ações, na sigla em inglês), operação estimada em R$ 10 bilhões. "Isso não está nos nossos projetos e não faz sentido. Atacadão é um braço do Carrefour no Brasil que é brilhante e não queremos considerá-lo como um elemento separado do resto", disse Plassat ao Valor durante apresentação do balanço da companhia em Paris. Os hipermercados do grupo no Brasil, segundo ele, também tiveram, como o Atacadão, um ótimo desempenho, com crescimento na faixa dos dois dígitos.

"A história desse IPO do Atacadão é um pássaro que passa e volta há bastante tempo no céu brasileiro, mas não tem fundamento", afirmou Plassat, ressaltando que o grupo francês não quer segmentar suas atividades no Brasil com hipermercados e supermercados de um lado e, do outro, a rede de atacado. "Tudo é Carrefour Brasil. E não prevemos também nenhuma IPO do Carrefour no Brasil."

Plassat, que assumiu o comando da segunda maior varejista mundial há cerca de um ano, afirmou que o Carrefour, após uma etapa de turbulência em 2012, "com mais perguntas do que respostas", entra agora numa "fase de ação", na qual se prepara para "assegurar novos motores de crescimento em 2014 e 2015".

Ontem, o grupo apresentou resultados considerados positivos e que superaram as previsões dos analistas. Situação bem diferente dos números de 2011, considerados catastróficos. O lucro líquido da varejista mais do que triplicou no ano passado, atingindo € 1,23 bilhão. A venda de filiais na Colômbia, Malásia e Indonésia, por um total de € 2,8 bilhões, garantiu um lucro de cerca de € 1 bilhão. Plassat excluiu a possibilidade da rede se retirar de outros mercados.

O grupo dispõe agora de recursos para acelerar a expansão de seus negócios. Investimentos de cerca de € 2,2 bilhões estão previstos para a ampliação das atividades e a renovação de lojas. "Investimos pouco nos últimos cinco ou seis anos", afirmou Plassat.

Apesar de estimar que a conjuntura econômica mundial não deverá melhorar neste ano, Plassat se diz confiante e afirma que nesse período seria um erro não realizar investimentos. O Brasil é um dos países, ao lado da França e da China, onde o grupo continuará sua expansão, afirmou ele, que prefere, no entanto, não informar o número ou o formato das novas lojas no mercado brasileiro.

Ele apenas afirma que o Atacadão "vai continuar o seu caminho, com um ritmo de expansão elevado e constante". Em 2012, 11 lojas da bandeira foram abertas no país. "O Brasil é um país onde as atividades funcionam muito bem hoje. Há uma retomada extremamente eficaz do Carrefour no país. Também possuímos um patrimônio imobiliário substancial. É todo esse conjunto que estamos estudando para otimizar o nosso crescimento", disse Plassat.

Os negócios no Brasil também servem como experiência em outros países. O modelo do Atacadão serviu de inspiração no Marrocos, onde foi utilizado com um parceiro local, com resultados "excepcionais": o faturamento mais do que dobrou no país, segundo Plassat, que afirma não existir nenhum projeto atualmente para implantar o Atacadão na Europa.

"Estamos, no entanto, vendo o que pode ser feito, com base no modelo do Atacadão, para permitir a evolução das nossas lojas". Na Espanha, o grupo reativou uma bandeira de supermercados, aplicando os moldes de racionalização dos custos de funcionamento do Atacadão. Já são três lojas, sendo que uma delas acaba de ser inaugurada em Sevilha.

As vendas globais do Carrefour, de € 76,8 bilhões, cresceram 0,9% no ano passado, puxadas pelos países emergentes. A América Latina registrou a melhor performance, com um resultado operacional que aumentou 14,2%, atingindo € 608 milhões. O faturamento na região foi de € 14,2 bilhões, um aumento de 12,1% a taxas de câmbio constantes (se descontados os efeitos de câmbio o avanço foi de 4,6%), impulsionado pela "performance sólida" das vendas no Brasil e na Argentina, de acordo com o critério "mesmas lojas".

A França, que representa cerca de 46% das vendas do grupo, também contribuiu para o melhor desempenho em 2012. Além da América Latina, apenas a França registrou crescimento no lucro antes do juro e dos impostos (€ 929 milhões, com alta de 3,5%).

As vendas na França cresceram apenas 0,5% em 2012. A rede lançou nos últimos meses uma grande ofensiva comercial, acirrando a guerra de preços entre supermercados. E está expandindo sua rede de lojas de bairro, considerado o formato mais promissor.

A empresa também reduziu bastante sua dívida, que passou de € 4,3 bilhões para € 2,16 bilhões em 2012. "O Carrefour está de volta", diz Plassat, sugerindo que o período conturbado e de más notícias ficou para trás.



Veículo: Valor Econômico


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