Candido Bracher, membro do conselho de administração do Grupo Pão de Açúcar (GPA), enviou na manhã de ontem uma carta a Abilio Diniz, presidente do conselho da companhia, e a outros membros do colegiado, informando o seu pedido de desligamento da função. Bracher era membro independente. O Valor apurou que para seu lugar o Casino - controlador do grupo - deve indicar Maria Helena Santana, ex-presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e atual presidente do comitê de governança corporativa da rede.
Bracher tinha presença cada vez menos frequente nas reuniões, por conta das funções que ocupa no Itaú BBA, como presidente da instituição, e já pensava em sair. "Eu gosto de dedicar o tempo necessário para realizar aquilo que me é solicitado, e há algum tempo, com recente aumento de funções no Itaú BBA, ficou mais difícil", afirmou Bracher ao Valor.
Em carta enviada aos conselheiros da companhia, ele escreveu que a decisão foi motivada por "sentir-me impossibilitado de dedicar à atividade de conselheiro o tempo que seria minimamente necessário, em função de compromissos profissionais assumidos no conglomerado Itaú Unibanco".
Abilio e Bracher conversaram ontem por telefone para esclarecer melhor a sua saída da função. A indicação a ser feita pelo Casino para o colegiado deve ser votada em reunião do conselho de Wilkes, a holding do Grupo Pão de Açúcar.
Surgiram informações, nas últimas semanas, de que a renúncia de Bracher era provável e teria ligação com fatos ocorridos na última reunião do conselho do Pão de Açúcar, ocorrida em fevereiro. Naquele momento, na reunião dos membros da rede, Abilio Diniz, presidente do conselho, citou o exemplo das relações do Itaú com o GPA - e mencionou o nome de Bracher - para defender a postura de que não há conflito de interesses no fato de um membro de conselho estar em duas empresas com relações de negócios. Abilio foi indicado para presidir o conselho de administração do grupo de alimentos BRF.
"De jeito nenhum, conheço Abilio desde criança, jamais sairia por essas razões", disse Bracher, ao ser questionado sobre a hipótese de que sua saída teria sido reflexo desse constrangimento na reunião do colegiado.
Durante justificativa de voto na reunião em fevereiro, Abilio disse que o conselheiro Candido Bracher tem relações financeiras estratégicas com o Grupo Pão de Açúcar e esta não seria uma razão que o impediria de estar no conselho do grupo. "Pelo contrário, a experiência de Candido Bracher no Itaú tem sido altamente benéfica para a CBD [GPA]", afirmou Abilio.
Veículo: Valor Econômico