Há algumas semanas Horst Paulmann, fundador e presidente do conselho da varejista chilena Cencosud, convocou reunião com gerentes de investimento das principais Administradoras de Fundos de Pensão (AFPs) do mercado para propor uma mudança nada pequena: que passem a indicar dois diretores no conselho da empresa. Dessa forma, o empresário concretizaria uma ideia que está no ar desde que propôs o aumento de capital mais recente, superior a US$ 1,6 bilhão.
De acordo com dados disponíveis, Paulmann, controlador do grupo, tem 61,4% das ações, enquanto as AFPs têm 19,5%. Para escolher um representante no conselho, composto por nove diretores, é preciso ter 11% das ações, de forma que faltariam apenas 2,5% para as AFPs poderem indicar um segundo nome.
Paulmann, então, cederia parte dos votos que lhe "sobram" aos investidores institucionais, que por sua vez também receberiam os votos das Administradoras Gerais de Fundos (AGFs), que têm participação de 1,2%. As administradoras, portanto, conseguiriam ter pouco mais de 22%, o que lhes daria direito a escolher mais um diretor.
Ainda não se sabe com certeza quando isso ocorreria, porque a próxima reunião de acionistas está marcada para 26 de abril, mas não está na pauta renovar o conselho (escolhido em 2012).
Não é necessário, no entanto, que ocorra a renúncia de algum dos integrantes antes da reunião. Se, por exemplo, ocorrer uma renúncia depois do encontro, simplesmente se convoca uma reunião extraordinária para definir a entrada do novo diretor independente. O mercado dá como certo que haverá a mudança.
De fato, um alto executivo de uma AFP comentou que isso já foi acertado, apenas se aguarda que o controlador decida o momento mais oportuno para promover a alteração.
Como a reunião entre Paulmann e os investidores institucionais foi realizada há pouco tempo, a busca pelos candidatos ao conselho da varejista ainda não determinou quem poderia chegar a ocupar a cadeira. A busca, na verdade, ainda está na fase preliminar.
A possibilidade de aumentar o número de diretores independentes começou a surgir pouco depois do anúncio de aumento de capital para financiar, em parte, a compra do Carrefour na Colômbia. Embora a ideia já estivesse no ar há algum tempo, foi apenas na última reunião entre Paulmann e os gerentes de investimento das AFP que realmente começou a tomar forma.
A nova configuração do conselho é vista como um sinal positivo no mercado, apesar de o Cencosud já gozar de uma "boa" governança corporativa. O recado para o mercado é que o controlador está disposto a abrir mão de votos e dar maior poder de decisão aos acionistas minoritários, o que é visto como positivo, já que a estratégia a ser seguida pela empresa terá maior apoio.
Além disso, também pode ser vantajoso do ponto de vista dos investimentos, já que no mercado se comenta que o novo diretor poderia trazer uma maior ênfase na parte financeira da empresa. (Tradução de Sabino Ahumada)
Veículo: Valor Econômico