O Casino, controlador do Grupo Pão de Açúcar, enviou uma carta na segunda-feira a Claudio Galeazzi, membro do conselho de administração de GPA, solicitando informações sobre o serviço que tem sido prestado pela consultoria Galeazzi & Associados à fabricante de alimentos BRF.
Galeazzi participa do projeto para acelerar o crescimento na BRF, dona das marcas Sadia e Perdigão e fornecedora do GPA. Na avaliação do Casino, há conflito de interesses no fato de um conselheiro da varejista estar no grupo de trabalho que presta serviços a uma parceira comercial do GPA.
No campo das hipóteses, o Casino poderia pedir o afastamento do consultor do conselho de GPA, por exemplo. Sobre essa possibilidade, o Casino não se manifesta.
O presidente do conselho de administração do GPA Abilio Diniz, nega que exista conflito e, em nota, informa que Casino tem em seu conselho membros de empresas parceiras do grupo francês.
Na carta, o Casino pede que Galeazzi forneça uma cópia do contrato firmado entre a sua consultoria e a BRF, ou pelo menos uma descrição de serviços. O Casino pede ainda informações sobre a remuneração que ele está recebendo ou pode vir a receber no futuro, e justifica o pedido "à luz do artigo 147 da Lei das S.A.".
Este artigo determina que "o conselheiro deve ter reputação ilibada, não podendo ser eleito, salvo dispensa da assembleia-geral, aquele que tiver interesse conflitante com a sociedade". Galeazzi não é obrigado a prestar esses esclarecimentos.
Abilio Diniz defende a posição de Galeazzi em nota e disse que "lamenta que o Casino esteja, mais uma vez, agindo de forma oportunista e irresponsável atacando a reputação de pessoas e empresas brasileiras de reconhecida competência em busca de vantagens descabidas em disputas judiciais", informou. Ele observa que a discussão sobre conflito "é uma medida artificial, sem qualquer embasamento ético e legal".
Para ele, "as realidades empresariais brasileira e internacional reforçam a ausência de impedimento quanto à presença de uma mesma pessoa em dois conselhos de administração", fato comprovado pela composição do 'board' do Casino, com dois conselheiros da L'Oréal, uma de suas grandes fornecedoras, e um da Fimalac, que controla a agência de avaliação de riscos Fitch Ratings, diz ele. "Isto também se aplica a qualquer conselheiro do Pão de Açúcar, incluindo o Sr. Claudio Galeazzi".
Veículo: Valor Econômico