Os acionistas da Via Varejo não desistiram da oferta pública de ações da empresa, controlada pelo Grupo Pão de Açúcar, e monitoram algumas "janelas" de mercado para isso. Apesar das condições atuais adversas, com a desistência de algumas empresas de ir à bolsa, o grupo entende que ainda é possível concluir a operação em 2013, na terceira "janela" do ano, a partir de setembro, fim do verão para investidores estrangeiros, segundo o Valor apurou. Para que isso ocorra, a entrega da documentação à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) teria que ocorrer no fim de agosto.
Se isso acontecer, são mais dois meses, em média, até que a oferta pública de ações se concretize, ou seja, entre fim de outubro e início de novembro. A princípio, os "road shows" com investidores estão previstos para setembro. Se a companhia entender, nas próximas semanas, que não deve haver mudança no mau humor do mercado a curto prazo, o pedido de análise dos documentos na CVM pode ser adiado e a oferta fica para uma nova data, provavelmente entre o fim de dezembro e janeiro de 2014, quarta "janela" do ano. A Via Varejo é formada da união de Casas Bahia e Ponto Frio.
Inicialmente, a manutenção do plano de oferta se justifica por alguns pontos favoráveis - um deles, inclusive, ficou mais claro ontem. Os riscos de que o governo americano retire estímulos à economia diminuíram com a decisão do Fed de manter inalterada a sua política de juros e de recompra de títulos. Isso contém nova onda de fuga de investidores de mercados como o Brasil, um sinal de alento para quem estuda ofertas em bolsa. Ainda há outro fator positivo, bem avaliado neste momento pelos analistas, relacionado à boa fase de resultados da Via Varejo. A empresa tem entregue números melhores em 2013 e, para alguns interlocutores, uma oferta este ano aproveitaria essa "onda positiva".
Circulam informações de que alguns acionistas do GPA chegam a considerar pouco provável uma oferta ainda neste ano por conta da recente fuga de investidores estrangeiros da bolsa. Ainda pesa o fato de que a empresa não tem um presidente, e a ideia seria fazer uma oferta com um executivo no cargo. Antonio Ramatis deixou a presidência da companhia em maio e, apesar da ideia do comando do GPA de contratar um novo executivo até o fim de julho, como apurou o Valor, o nome ainda não saiu. O temor que a difícil relação entre os sócios (Abilio Diniz, o controlador Casino e a família Klein) afete a operação também é outro fator nessa conta, mas tem peso menor, já que há a hipótese de Abilio deixar o GPA em 2014, e a oferta de ações dos Klein pode ser a porta de saída da família do negócio.
A empresa não tem se manifestado sobre o tema e informa que irá se pronunciar quando necessário. Como antecipou o Valor em junho, o GPA deve fazer uma oferta primária e a família Klein, uma oferta secundária de units (certificados de depósito de ações), mas não informou o tamanho da oferta até hoje. Devem ser listadas para negociação no nível 2 de governança corporativa da BMF&Bovespa. Será num volume mínimo exigido no acordo de acionistas do grupo com os Klein, ou seja, equivalente a 10% do capital total da Via Varejo, mas o GPA não deve subscrever ações, porque a emissão de units não mexe na estrutura de controle da rede.
CVM nega acesso de fundo à informação do GPA
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) negou pedido do fundo de investimento Torque para ter acesso a informações sobre processo arbitral envolvendo o Grupo Pão de Açúcar e Lily Safra, ex-controladora da Globex, dona da rede Ponto Frio.
A arbitragem, pedida pela empresária, discute o valor da venda da Globex em 2009 para o grupo Pão de Açúcar. Lily Safra quer cerca de R$ 200 milhões a mais do Pão de Açúcar. O Torque, como antigo acionista da rede, quer garantir em caso de decisão favorável à empresária o mesmo valor aos minoritários à época. O Torque existe desde 2007 e é administrado pela BNY Mellon. Com patrimônio líquido de R$ 64,7 milhões, tem apenas um cotista.
A demanda do fundo já fora negada pela Superintendência de Relações com Empresas (SEP) no início do ano. O Torque, então, encaminhou recurso ao colegiado.
A diretora Ana Novaes, relatora do processo, acompanhou o entendimento da Superintendência de Relações com Empresas de que o pedido tem base estritamente econômica e poderá ser satisfeito com acesso apenas à informação final sobre o processo arbitral. A diretora da CVM também observou que o Torque não é acionista de nenhuma das companhias envolvidas na arbitragem e que a CVM não tem poderes para dar acesso a um terceiro interessado em um processo arbitral sigiloso entre as partes. Mas apontou que o fundo pode fazer a solicitação ao Poder Judiciário.
A SEP notificou o Grupo Pão de Açúcar para que divulgue o resultado da arbitragem. Entre os argumentos utilizados pelo Torque para convencer a autarquia a ter acesso ao processo estava a possibilidade de o fundo intervir na causa.
Lucro da AB InBev é de US$ 7,4 bi
O lucro líquido atribuído aos controladores da Anheuser-Busch InBev (AB InBev) cresce quase quatro vezes e somou US$ 7,458 bilhões no segundo trimestre, impulsionado pela consolidação da compra da cervejaria mexicana Modelo. O lucro há um ano foi de US$ 1,94 bilhão.
As ações da AB InBev subiram ontem 7%, para € 72,38, em Bruxelas. A AB InBev concluiu a integração do Grupo Modelo no início de junho, em um negócio de US$ 20,1 bilhões por uma fatia de 50% que ainda não detinha na mexicana. Após a transação, a AB InBev reforça a liderança do mercado mundial de cerveja, com um volume de quase 40 bilhões de litros por ano e o controle de cinco das seis marcas mais valiosas de bebida no mundo.
A receita líquida da maior cervejaria do mundo, dona da Ambev, subiu de US$ 9,87 bilhões para US$ 10,587 bilhões, no mesmo período, com alta de 7,2%. O volume vendido caiu 0,14%, para 105,8 milhões de hectolitros no segundo trimestre. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado subiu 8,2% para US$ 3,895 bilhões.
Veículo: Valor Econômico