Em abril, a Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo começará a soltar as metas climáticas setoriais previstas na política estadual de mudança climática. Trata-se dos cortes nas emissões de gases-estufa e planos para que os diversos setores industriais consigam cumprir o que está previsto na política estadual de mudança climática de São Paulo. Será uma das primeiras ações assinadas pelo novo secretário do Meio Ambiente, Bruno Covas.
A lei estabelece a meta de reduzir as emissões de gases-estufa em 2020 em 20% em relação aos índices de 2005. No fim de 2010, o inventário estadual indicou os volumes emitidos em 2005 pelo transporte, agricultura, energia e indústria. "Estamos dando prioridade à área de transporte, que representa 55% das emissões de 2005", adianta Covas, 30, o secretário estadual do Meio Ambiente.
"Vamos apostar em energia limpa, no metrô, na ferrovia, na hidrovia. São ações importantes para que se possa atingir a meta." Ele já teve encontros com representantes da Fiesp, a entidade empresarial que teme que a lei paulista (e a omissão de outros Estados no tema) possa provocar uma "guerra ambiental" nos moldes da fiscal. "Eles querem participar do processo", diz. "É uma janela de oportunidade para que a planta industrial de São Paulo seja diferenciada das outras, porque é limpa. Isso é agregar valor ambiental ao produto."
Bruno Covas, deputado estadual mais votado de São Paulo, incorporou pelo menos um ensinamento do avô, o de respeitar as diferenças e escutar todos os lados. Seu perfil é o de um articulador. "É evidente que, nesse processo, uma siderúrgica tem que gastar bilhões para se adaptar e o esforço é diferente de outros setores." Segundo ele, "cada um terá um prazo para adaptar sua linha de produção."
Um desafio que está logo adiante será administrar a economia do pré-Sal, com os investimentos e impactos na Baixada Santista. Covas diz que é fundamental acelerar o zoneamento econômico e ecológico da Baixada Santista, há dez anos em discussão, para nortear o processo de mudança com parâmetros ambientais discutidos com a sociedade. "Para evitarmos também uma situação como a de Campos ou de Macaé, onde se gerou muita riqueza mas onde ainda há muita pobreza."
Covas dá pistas de como irá atuar nesse campo. Lembra que ali está a porção principal da Mata Atlântica da Serra do Mar e reforça: "A nossa preocupação aqui é ambiental." Em seguida, mostra que herdou o gene político do avô. "Mas precisa lembrar que desenvolvimento sustentável pressupõe também o desenvolvimento. O que há é estabelecer o limite."
Covas nasceu e viveu em Santos até os 14 anos, em 1995, quando veio estudar no Colégio Bandeirantes, em São Paulo e foi viver com os avós Mario e Lila. Fez direito na Universidade de São Paulo (USP) e economia na Pontifícia Universidade Católica (PUC).
Em um único dia, ontem, a secretaria foi visitada por dez prefeitos pela manhã. "Eles vêm atrás de recursos, conversar sobre alguma obra que está sendo licenciada, alguma pendência com a Cetesb ", diz Covas. No próximo sábado marcou 25 reuniões, da manhã até a noite. "Cada um terá 20 minutos", calcula. "Estou aqui há um mês, mas parece que já foram três."
Veículo: Valor Econômico