Sem divulgação, lei das sacolas em Carapicuíba fica só no papel

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Os comerciantes e consumidores de Carapicuíba, na Grande São Paulo, foram pegos de surpresa durante o levantamento feito pelo Mural sobre a lei das sacolas plásticas. Criada em 2010, a lei 3.510 proíbe o comércio de distribuir embalagens que não sejam biodegradáveis para o transporte de qualquer produto.

O prazo de um de um ano para adaptação terminou em dezembro, mas não houve qualquer campanha de esclarecimento à população. Assim, a distribuição de sacolas comuns é a regra em toda a cidade.

"Eu não sabia dessa lei, mas já temos sacolas de papel para distribuir quando terminarem as de plástico”, afirma Denílson Santos, gerente da Superfarma. Simone Batista, gerente da loja Calçados Sérgio, lamentou a falta de divulgação das regras para os lojistas.

“Não dá para tirar as sacolas de plástico porque o cliente vai ficar chateado. Sacolas de papel podem molhar e danificar o produto”, diz.

A multa para quem descumprir a lei é de R$ 8.503,80 (30 VRMs).

A população já está familiarizada com a extinção das sacolinhas nos supermercados paulistas, a partir do dia 25 _resultado de acordo do setor com o governo estadual. No município, no entanto, os supermercados descumprem a lei.

Ademir Felipe, gerente do Sonda Supermercados, informou que estão preparados apenas para as mudanças resultantes do acordo com o governo. “Não temos conhecimento de nenhuma lei municipal”, afirma.

Apenas o hipermercado Extra, na Cohab II, mantém a campanha quinta-feira sem sacolas, para que os clientes se adaptem à medida.

Na semana passada, enquanto recolhia as compras que caíram da caixa de papelão, que rasgou, Regiane Pereira, dona de casa, manteve o bom humor e o apoio à medida. "Vou ter que pegar um táxi hoje porque estava desprevenida, mas sou a favor, é só questão de se adaptar”.

Já Helton Lourenço, taxista de um ponto na frente do supermercado, é contra a extinção de sacolas. "Deveriam dar sacos de papel, igual os americanos fazem. Aqui é um absurdo: o cliente tem de pagar pela sacola.”  O taxista mantém um estoque de sacolas plásticas no porta-malas para oferecer aos clientes.

Ainda no mesmo local, encontramos um consumidor com várias sacolas retornáveis. Ramon Pierre, 20 anos. "Já é um hábito na minha família", conta. “Depois que comprei, sempre uso ecobags. Acho ótimo.

"As mudanças vão mexer com a rotina dos funcionários dos supermercados, Gabriela Costa, 18 anos, operadora de caixa, sempre ajuda os consumidores a embalar as compras,“apesar de não ser função de caixa”. Ela teme reações negativas de clientes.

“Vão querer fazer escândalo. É um público exigente. Quem faz compras de R$ 1.000, R$ 2.000 vai levar onde? Imagine o que vão gastar só de sacolas a R$ 0,20 cada?” Gabriela ainda não fez o treinamento para a mudança, mas afirma que já viu as novas sacolas que “desmancham nas mãos em seis dias”.

Na verdade, as sacolas oxibiodegradáveis levam apenas 18 meses para se decompor, ao contrário das comuns, que podem levar até 500 anos.


Veículo: Portal Folha


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