Uma semana antes de iniciar um ousado programa que previa o fim da distribuição gratuita de sacolas plásticas nos supermercados, os empresários de Xanxerê chegaram a pensar em recuar. “Deu um pânico. Achamos que não ia dar certo e que os clientes iam ficar furiosos”, conta Dalmor Badotti, vice-presidente da Associação Catarinense de Supermercados (Acats) no Oeste do Estado e que ajudou a montar o programa pioneiro no município.
Xanxerê tem cerca de 44 mil habitantes e fica no Oeste catarinense, a 550 quilômetros de distância da Capital, Florianópolis. Em 2009, as sete principais redes supermercadistas da cidade se reuniram com uma ideia que parecia difícil de executar: encerrar a distribuição de sacolas plásticas aos clientes e estimular o uso de caixas de papelão e bolsas retornáveis nas compras.
A ideia surgiu nas reuniões periódicas entre os supermercadistas e foi ganhando corpo com a adesão de outras entidades da cidade, como a Associação Comercial e Industrial de Xanxerê (Acix), a Prefeitura e a Secretaria de Meio Ambiente, conta Badotti. Antes de colocar o projeto em prática, os supermercadistas investiram em campanhas de informação aos consumidores na mídia local e nas escolas.
Ainda assim, quando o programa estreou, no dia 1º de abril de 2009, muitos clientes chegaram desavisados às lojas. Apesar de uma certa resistência inicial por parte da população, que achavam que os empresários visavam o lucro ao não distribuir mais gratuitamente as sacolas, Badotti diz que o resultado foi positivo. “Foi bem menos traumático do que imaginávamos”, disse.
Ao tirar a sacola gratuita, os supermercadistas passaram a oferecer caixas de papelão e bolsas retornáveis que, segundo Badotti, eram vendidas a preço de custo. Fabricantes de sacolas de plástico passaram a oferecer o produto, a pedido dos supermercadistas, gramatura mais resistente, que são vendidas e podem ser reutilizadas.
Na rede de supermercados Badotti, cerca de 100 mil sacolas deixaram de ser distribuídas por mês. Com isso, o empresário calcula que pelo menos 700 mil sacolas pó mês tenham deixado de ser distribuídas na cidade.
Segundo Madelaine Rostirolla, presidente da Associação Empresarial de Xanxerê (Acix), no início do programa não foram todos os supermercados que adotaram a idéia e muitas lojas continuaram dando sacolas aos clientes. “A população já se acostumou com a idéia e acha absolutamente normal levar suas sacolas de casa para fazer suas compras. Além disso, muitas outras empresas passaram a distribuir, como brindes de final de ano, ou mesmo para agradar sua clientela, sacolas retornáveis com suas logomarcas”, diz a presidente. “Somos uma cidade que se orgulha de ser pioneira nesta questão”, arremata.
Segundo Badotti, cerca de 30 municípios na região de Xanxerê gostaram da ideia e realizaram projetos semelhantes. Xaxim e São Miguel do Oeste estão entre as cidades.
Veículo: Valor Econômico