Desde o dia 4 de abril os supermercados não distribuem mais sacolinhas plásticas para os consumidores. Fruto de Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado pela Associação Paulista de Supermercados (Apas), Ministério Público do Estado de São Paulo e Procon-SP, a medida, segundo pesquisa recente (dias 2 e 3 de maio) do Instituto Datafolha, não agrada a 69% dos paulistanos. Entretanto, esse resultado vai de encontro ao levantamento realizado pela instituição entre 26 e 27 de janeiro. À época, 57% dos entrevistados eram a favor da suspensão da distribuição das sacolinhas.
O engenheiro florestal e professor do curso de Gestão em Saúde Ambiental da Faculdade de Medicina do ABC, Rogério Alvarenga, afirma que o consumidor mudou sua percepção quanto à medida porque pesou no bolso. “Sou a favor da substituição das sacolas convencionais pelas biodegradáveis, mas questiono a maneira que foi feita. O consumidor teve o ônus e, o supermercado, o bônus, por isso tanta reclamação. Os clientes passaram a comprar sacolas, o que não faziam antes. Os supermercados pararam de comprar sacolas, ou seja, lucraram”, argumentou.
Segundo o presidente da Apas, João Galassi, a retirada das sacolas descartáveis mexeu com os hábitos dos paulistanos. “A população está passando por um processo de adaptação e de transição. Os indicadores desta pesquisa são muito parecidos com o verificado no início do projeto de Jundiaí, praça onde foi testada a retirada das sacolas; após um ano, os números na região comprovaram que 77% da população eram favoráveis à iniciativa”, pontuou ao destacar que a campanha da associação pela preservação do meio ambiente continua fortemente.
Interesses econômicos
A última pesquisa Datafolha revelou que 43% dos entrevistados acreditam que o principal motivo para o fim das sacolinhas foi o interesse econômico dos supermercadistas e outros 35% afirmam que foi por imposição das autoridades. Somente 22% dos entrevistados veem no acordo a preocupação com o meio ambiente. Sobre quem foi o maior beneficiado com a medida, 64% alegam que os supermercados são os que mais ganharam.
A reportagem do Diário Regional foi às ruas saber a opinião dos consumidores. Madriana Maria Barbosa acha o cúmulo ter de pagar pela sacola. “Acabei de pagar R$ 0,60 pela sacolinha. O benefício é só do supermercado”, afirmou a estagiária em Direito. Opinião semelhante tem a professora Vânia Cruz. “A questão da proibição das sacolinhas é estritamente financeira, para que os mercados economizem? Porque não obrigam as empresas a fazerem embalagens sustentáveis”, questionou.
“O que dói no bolso, dói muito mais do que você explicar para as pessoas que daqui a 20 anos ele terá dificuldades para encontrar água no planeta. Portanto, é compreensível a reclamação geral, pela forma que foram retiradas as sacolas e também porque passaram a comprar sacos de lixo para colocar resíduos, o que antes não era necessário, pois usavam as sacolas de mercado”, destacou Alvarenga.
Outro dado pesquisa é a desistência de levar as compras por falta de sacolinhas. Quatro entre 10 consumidores desistem de levar os produtos por estarem sem sacolas retornáveis. Para 23%, a desistência ocorreu pouco antes de efetuarem o pagamento das compras. “Se você esquece, você tem de pagar. Então já aconteceu de largar tudo e ir embora, porque estava sem sacolinha, mas também não paguei”, afirmou a doméstica Josená Barbosa de Souza.
Pesquisas mostram mudanças na percepção do consumidor
Para assinatura do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), a Associação Paulista de Supermercados (Apas), tomou como base pesquisa realizada pelo Datafolha entre os dias 26 e 27 de janeiro com 1.090 paulistanos. O levantamento revelou que, à época, 57% dos entrevistados era a favor da suspensão da distribuição das sacolinhas.
Entretanto, nova pesquisa realizada pelo instituto entre os dias 2 e 3 de maio mostrou que 69% dos paulistanos querem a volta da distribuição das sacolas plásticas nos supermercados. O levantamento mostra mudança na percepção da população, que passou a enxergar no acordo entre a Associação Paulista de Supermercados e o governo do Estado de São Paulo desvantagem para o consumidor.
Segundo a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP) ainda não existe legislação em nível estadual que proíba a distribuição de sacolas plásticas. A Apas firmou protocolo voluntário de intenções com o governo estadual, com efeitos apenas entre seus associados, para deixar de distribuir as sacolinhas descartáveis nas lojas.
Veículo: Diário Regional ABC - SP