A Solazyme prevê iniciar a produção de óleos renováveis a base de microalgas em grande escala no Brasil no primeiro trimestre de 2014. O investimento de US$ 150 milhões na fábrica instalada em Orindiúva, na região de São José do Rio Preto, a 500 quilômetros de São Paulo, está praticamente concluído e a expectativa é produzir 10 mil toneladas de óleos no primeiro ano de atividade para atender contrato fechado com a Unilever. A fábrica é a primeira do grupo americano no mundo a produzir em escala comercial e tem capacidade instalada para 100 mil toneladas anuais. A expectativa é atingir esse volume já em 2015.
O projeto é da Solazyme Bunge, uma joint venture em partes iguais firmada em 2011 entre a americana, fabricante de óleos renováveis, e a Bunge, do setor de alimentos e agronegócios. A fábrica foi instalada em Orindiúva em uma área contínua à usina Moema, que a Bunge tem na cidade. O açúcar da usina será a matéria-prima para alimentar as algas na produção dos óleos.
De forma bem simples, Walfredo Linhares, gerente-geral da Solazyme Brasil, explica que a tecnologia consiste em usar o açúcar para "engordar" as algas geneticamente modificadas para que acumulem gordura. Depois essa gordura é extraída para produção dos óleos. Enquanto uma alga em estado natural tem concentração de 5% a 10% de gordura, o processo industrial pode elevar essa concentração a até 80%. "O desafio é alcançar em escala comercial o que produzimos nos laboratórios."
O uso da biotecnologia permite desenvolver um óleo específico para a necessidade de cada cliente. A diferença básica está no tipo de microalga usada em cada linha de produção. Linhares acredita que os setores de alimentos, higiene e limpeza e cosméticos têm o maior potencial para esse tipo de produto.
"Nosso objetivo é produzir óleos similares aos vegetais com características que possibilitem avanços [para a indústria] que os outros óleos não permitem. E isso sob medida para cada cliente", diz o executivo. O óleo que será fornecido à Unilever é resultado de cinto anos de pesquisa e será usado para mudanças em produtos de higiene já fabricados pela multinacional. Linhares não dá mais detalhes sobre o projeto e o valor do contrato, mas informa que o óleo vai melhorar a performance de produtos que a Unilever já tem no mercado.
Apesar de ser uma tecnologia nova - mesmo nos Estados Unidos a Solazyme só produz esses óleos para testes em volumes pequenos - a empresa acredita que não terá dificuldades para atingir as 100 mil toneladas em 2015. Parte dessa produção será exportada para Europa e Estados Unidos.
Além das características técnicas, Linhares diz que os óleos têm ainda um apelo ambiental. A produção está na cadeia de valor da cana-de-açúcar, com emissão de carbono muito baixa. E a biomassa residual pode ser usada na produção de plásticos, por exemplo.
Veículo: Valor Econômico