A última barreira para a abertura plena do mercado de credenciamento de lojas que aceitam cartões foi vencida. Paralelamente ao fim da exclusividade da Visa com a Cielo, a bandeira internacional transferiu para a Câmara Interbancária de Pagamentos (CIP), ligada à Febraban, a liquidação das suas transações no Brasil. Com isso, o setor passa a atender a mais uma das recomendações do Banco Central (BC), da Secretaria de Direito Econômico (SDE) e da Secretaria de Acompanhamento Econômico (SEAE), para que o país contasse com uma câmara "neutra", não ligada a uma única instituição, de compensação de transações realizadas com cartões de pagamento.
Conforme a última versão do diagnóstico sobre o setor, divulgado pelo BC em julho, esse era um pleito dos próprios participantes do mercado de cartões, que alegavam não ser possível entrar no ramo de credenciamento de lojistas porque nos dois principais esquemas de cartões de crédito e débito no país, das bandeiras Visa e MasterCard, os prestadores dos serviços de compensação seriam os próprios competidores na atividade de filiação, ou seja, Cielo e Redecard.
Até aqui era a Cielo que fazia toda a liquidação para a Visa, efetuando o pagamento para bancos e lojistas. Já a MasterCard, que já tinha a licença aberta há mais tempo, contratou a CIP em novembro para permitir que outros adquirentes passarem a capturar os cartões da bandeira, a exemplo do Santander em parceria com a processadora gaúcha GetNet.
"Com novos adquirentes não fazia sentido que a Cielo continuasse a fazer a liquidação, havia a necessidade de uma entidade neutra, que preservasse a confidencialidade das transações e a CIP já fazia a interface com os bancos, podendo cumprir muito bem esse papel", diz o diretor executivo de operações da Visa do Brasil, José Cristiano Costa. Segundo o executivo, a compensação das transações Visa capturadas pela Cielo prosseguirá nas mãos da credenciadora, a exemplo do arranjo mantido pela MasterCard com a Redecard.
Redecard e Cielo, por seu lado, também já contratavam a CIP, mas cabia às empresas acompanhar as suas respectivas movimentações financeiras e informar à supervisão bancária as posições consolidadas ou qualquer falha no processo de pagamentos. Agora, no sistema de câmara neutra, Visa e MasterCard é que informam as posições de pagamentos e recebimentos para a CIP. Num segundo momento, diz Costa, a intenção é distinguir os volumes de crédito e os de débito.
Veículo: Valor Econômico