Esquenta disputa entre fabricantes

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Na liderança, Cisco enfrenta concorrentes como HP e Juniper

 

Os fabricantes de equipamentos de redes, como switches e roteadores, estão travando uma batalha para aumentar a participação no mercado, dominado mundialmente pela Cisco, que detém em torno de 50% dos dois segmentos, segundo cálculos da companhia. Só no mercado total de switches, que movimentou US$ 17,8 bilhões no ano passado, a Cisco tem uma fatia de 69%, de acordo com a empresa de consultoria Gartner. Sua posição dominante tem provocado reação dos rivais, que lançam mão de diferentes estratégias para ganhar músculos e lutar por uma participação maior nos negócios. Trata-se de um desafio significativo: o segundo maior fornecedor de switches - a HP Networking, uma divisão da Hewlett-Packard - está bem longe do primeiro colocado, com 10,7% de participação, enquanto o terceiro, a Juniper Networks, responde por 2,2%.

 

O roteador faz a comunicação entre diferentes redes remotas de computadores, usando tabelas de rotas para encaminhar pacotes de dados, ou informações. As vendas globais desses equipamentos cresceram 12,9% em 2010, para US$ 8,8 bilhões, segundo o Gartner. Na América Latina atingiram US$ 384 milhões, com evolução de 25%. O switch, ou comutador, opera como um sistema telefônico, só que com linhas privadas, para encaminhar pacotes de dados entre os diversos pontos da rede. Esse dispositivo pode ter até 52 portas, ou seja, entradas para conectar o cabo de rede de cada computador. Esses dois são os principais equipamentos de uma rede.

 

Existem de 15 a 20 fabricantes principais de produtos para redes no mundo. Os atores batalham para galgar posições no ranking e a briga pode ser feroz, inclusive entre aqueles que estão abaixo da terceira colocação, porque, a partir daí, a diferença de participação de mercado é muito pequena entre, variando de 2,2% a 1,1%, com um constante sobe e desce de posição. Embora a Cisco tenha o maior pedaço do bolo de switches, é a que menos cresce percentualmente em comparação com outros grandes concorrentes. Sua receita com o produto aumentou 32,5% no ano passado, comparado a 2009, enquanto a venda por número de portas evoluiu 38%. No mesmo período, a receita da HP aumentou 130% e a venda de portas - é com essa unidade que se mede o mercado -, 164%.

 

A Cisco perdeu participação em 2009 e ganhou em 2010, e a tendência é voltar a cair, enquanto rivais ganham posições, avalia a analista do Gartner baseada na França, Severine Real. Ela cita a Juniper, que está conquistando mercado rapidamente. Sua receita foi a segunda que mais cresceu no ano passado - 62,8%. "Quando a Juniper lançou switches, há dois anos e meio, era a 16ª colocada. Só existiam 15 empresas. Nesse período, partiu do zero para o 3º lugar, diz Claus Troppmair, diretor de vendas da Juniper para o mercado empresarial.

 

Desempenho superior, também, foi o da HP Networking, cuja receita com switches aumentou 130% no ano passado. Fortalecida com a compra da concorrente 3Com, a HP a transformou em sua área de redes. Vice-líder de mercado tanto em switches quanto em roteadores, a HP continua com apetite para aquisições, diz Antonio Mariano, diretor de tecnologia da HP, sem revelar quem está na mira. A empresa acompanha o movimento para uma consolidação maior que, segundo ele, se desenha no cenário mundial. Muitas empresas segmentadas são vistas como potenciais alvos de compra para aumentar o portfólio de outras, que oferecem serviços na 'nuvem' [os clientes usam os equipamentos do fornecedor para processar seus dados remotamente]. A meta da companhia em três anos é ganhar a liderança em alguns setores, entre os quais switches e banco de dados, afirma Mariano.

 

"Qualquer detentor de mercado sofrerá tentativa de competição contínua, por isso a Cisco vem sendo atacada por concorrentes", diz Rodrigo Abreu, presidente da Cisco. O executivo afirma que a companhia faz distinção entre diversos indicadores para avaliar as vendas e que continua ganhando participação na América Latina e no Brasil. Segundo ele, as flutuações são acentuadas por troca de portfólio, e a Cisco tem incluído novos produtos com relação de preço e desempenho "bastante razoável", em relação à média do mercado.

 

Ao rebater comentários de competidores, segundo os quais os preços da Cisco seriam altos, o que estaria permitindo o avanço dos rivais, Abreu argumenta que, aparentemente, o que é uma vantagem de preço num primeiro momento desaparece quando se analisa um período de três ou quatro anos: "A Cisco está sendo atacada e é natural, principalmente por parte de quem quer entrar no mercado, que é mais agressivo, mas em longo prazo, isso não se sustenta."

 

Troppmair, da Juniper, a mais recente empresa no jogo, diz que quem já está no mercado há muitos anos [como a Cisco] não pode esquecer seu legado, seus produtos. "Somos mais novos e toda a tecnologia desenvolvida foi adaptada para atender às novidades. Meus preços são mais competitivos, mas nem por isso deixo de ser uma empresa que tenha longevidade. Não vou dar tiro no pé", afirmou o executivo. A Juniper não produz no Brasil; importa dos EUA e da Ásia, principalmente da China.

 

Veículo: Valor Econômico


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