Plano da Sony para TV via web ameaça operadoras

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A Sony Corp. estuda lançar uma alternativa baseada na internet para a transmissão de TV a cabo, segundo pessoas a par da situação. Essa seria uma nova ameaça para as operadoras de cabo e satélite que hoje dominam a TV por assinatura.

A gigante japonesa de produtos eletrônicos e de entretenimento já procurou várias grandes empresas de comunicação para negociar os direitos de oferecer seus canais de TV pela web nos Estados Unidos, disseram essas pessoas.

A Sony pretende transmitir os canais através de conexões de internet para aparelhos da empresa, incluindo consoles PlayStation, televisores e aparelhos de DVD Blu-ray, segundo essas pessoas. A Sony já vendeu cerca de 18,1 milhões de consoles PlayStation 3 só nos EUA, segundo o NPD Group, e muitas residências têm outros aparelhos Sony conectados à internet.

A maior operadora de cabo dos EUA, a Comcast Corp, tem cerca de 22,4 milhões de assinantes de vídeo e serve a uma área geográfica com mais de 52 milhões de lares.

Entre as empresas que a Sony já procurou estão a NBCUniversal, da Comcast, a Discovery Communications e a News Corp, segundo pessoas a par do assunto. A News Corp também é proprietária do "The Wall Street Journal".

Ainda não está claro se a Sony vai chegar a acordos com essas empresas ou se lançará seu próprio serviço. Um obstáculo pode ser o desejo da Sony de licenciar um pacote menor de canais do que as atuais operadoras de cabo oferecem, para concorrer com menor preço e mais flexibilidade, segundo pessoas a par do assunto. Isso poderia ser um obstáculo insuperável para as empresas de comunicações, que não iriam sabotar as operadoras.

"Como acontece com esse tipo de especulação, não vamos comentar rumores", disse um porta-voz da Sony Entertainment Network em um e-mail.

A Sony é uma das várias empresas que estudam dar acesso aos consumidores a um pacote de canais de TV via internet. Esses serviços ofereceriam canais de TV tradicionais, mas também poderiam integrar mais interfaces com o usuário, semelhantes à web, e incluir conteúdo de internet, tal como canal Crackle, da Sony. E ao contrário das operadoras de cabo, os serviços baseados na web podem ser de âmbito nacional.

Outra que estuda serviço de TV baseado na web é a Dish Network Corp, cujo presidente do conselho manteve conversas exploratórias com executivos de mídia nas últimas semanas, segundo pessoas a par do assunto.

A possível chegada de distribuidoras de TV via internet ocorre em meio a uma reviravolta em toda a indústria, com os espectadores assistindo a mais vídeos on-line e o número de clientes dispostos a pagar pelos serviços tradicionais em muitos mercados se aproximando da saturação. Se uma recém-chegada como a Sony ganhar impulso, algumas operadoras de cabo tradicionais podem revidar com seus próprios pacotes independentes baseados na internet, criando uma nova onda de competição - e, potencialmente, assinaturas de vídeo mais baratas para alguns consumidores.

A Sony, por sua vez, tem prioridades diferentes das principais empresas de programação e distribuição de TV nos Estados Unidos, o que lhe dá mais incentivo para agitar o setor. Embora a Sony seja dona de um estúdio de cinema e TV, não possui um grande canal de TV nos EUA, e portanto teria menos a perder se os consumidores descartassem a TV a cabo tradicional. A Sony também poderia usar uma nova oferta para dar impulso à sua área de equipamentos, vendendo mais consoles PlayStation e acrescentando novas fontes de renda à sua divisão de televisores, que não vem dando lucros. A Sony já oferece aluguel de filmes pela internet e outros conteúdos em seus aparelhos.

A Microsoft, que vende o console de jogos Xbox, fez acordos com redes de TV permitindo que os telespectadores assistam a canais como ESPN no Xbox, se eles também comprarem serviços oferecidos pelas operadoras de TV que participam do plano.

Uma área problemática para a TV via internet é definir quais canais seriam oferecidos e saber se os consumidores poderiam comprar pacotes menores do que as dezenas ou centenas de canais oferecidos em muitos pacotes através de cabo ou satélite.

Os donos de canais de TV já tornam proibitivo para as distribuidoras vender seus canais individualmente ou em pequenos pacotes, e alguns donos de canais já indicaram que desejam manter essa estrutura de preços quando licenciarem seu conteúdo para qualquer nova distribuidora via internet. No início de 2010, por exemplo, uma proposta da Apple para vender um pacote de canais reduzido, tipo "o melhor da TV", para seus aparelhos acabou empacando porque a maioria das empresas de mídia se recusou a ceder nesse ponto.

Entretanto, uma pessoa familiarizada com as negociações disse que a Sony não quer recriar os mesmos pacotes já oferecidos pelas TVs a cabo, e pode começar com pequenos canais de nicho que estão tendo dificuldade para se comercializar via operadoras de cabo.

Em paralelo, a TV via internet enfrenta outros obstáculos que podem fazer sua chegada demorar ainda um ano ou mais, na melhor das hipóteses, dizem executivos de mídia. Um deles é que muitos canais de televisão não têm direito de transmitir seus programas pela internet - especialmente os eventos esportivos. E as redes de transmissão poderiam ter muita dificuldade para vender os direitos, passando por cima das estações de TV locais afiliadas, forçando as distribuidoras da internet a fazer acordos individuais para chegar às estações locais em dezenas de mercados de televisão.


Veículo: Valor Econômico


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