Tecnologia ajuda a monitorar hábitos dos consumidores

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Pequenas empresas de TI de São Paulo, Minas Gerais e Pernambuco estão desenvolvendo novas soluções para o varejo. As novidades incluem sensores em carrinhos de supermercados que monitoram o comportamento dos consumidores e sistemas que analisam o potencial de compra de internautas em sites de e-commerce. Os principais objetivos das ferramentas são conhecer melhor os clientes para incrementar as entregas nos pontos de venda e evitar perdas de receita para a concorrência.

Na Íconna Pricing Solutions, empresa de 22 funcionários criada em 2009, o carro-chefe é um sistema on-line que permite o monitoramento e a análise de informações dos sites de e-commerce, como preços, formas e condições de pagamento, frete e disponibilidade de itens. "Ajudamos os varejistas a serem mais competitivos, não só reduzindo, mas aumentando os preços das mercadorias, conforme as demandas do mercado", diz o sócio Guilherme Torres.

A ideia de abrir a Íconna surgiu durante um happy hour entre amigos. "Estávamos empregados em diferentes companhias, mas com vontade de empreender", lembra Torres. O futuro sócio da empresa, Marcelo Mattei, havia criado um programa robô para pesquisas na internet e resolveu ajustar a invenção para aplicações comerciais. "Descobrimos que os clientes estavam executando manualmente pesquisas de preços na web e ainda processavam as informações obtidas em planilhas."

O desenvolvimento da ferramenta durou 18 meses. No início, a Íconna optou por buscar "parceiros de desenvolvimento." Na verdade, eram grandes empresas do varejo e da indústria, considerados clientes em potencial. Os primeiros contratos apareceram a partir do ano passado. Hoje, a empresa paulista tem mais de 50 clientes, entre varejistas de todos os portes e grandes indústrias. Neste ano, o sistema deve ganhar novas funções e os sócios querem conquistar outros mercados. "Os relatórios, antes enviados por e-mail, ganharão uma versão on-line. Temos planos para atender, em até três anos, companhias no exterior."

Sediada em Belo Horizonte (MG), a IDXP, com cinco funcionários, vai apresentar seu novo produto para varejistas do Brasil, Estados Unidos e Europa. A empresa criou uma tecnologia que analisa o comportamento do consumidor nos pontos de venda. "Usamos etiquetas inteligentes nos carrinhos de compras para monitorar hábitos de consumo", diz o CEO Gustavo Lemos.

Em Recife (PE), a Runtime Technologies desenvolveu uma plataforma de gestão para a cadeia de frutas, verduras e legumes. "O Opará é uma plataforma web que rastreia as mercadorias desde a saída do campo até as gôndolas dos supermercados", diz o co-fundador da empresa, Gustavo Monteiro. O objetivo é ajudar os fornecedores a aumentar a produtividade e diminuir perdas, ao mesmo tempo que possibilita aos distribuidores planejar melhor as vendas.

A Runtime criou forma depois que um dos sócios, Felipe Gabardo, leu um relatório do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) sobre o panorama da fruticultura no Brasil. Ele viajou a Petrolina (PE) conhecida pela exportação de frutas, para conversar com agricultores. "Retornou com um monte de problemas nas mãos, mas que poderiam ser resolvidos com a ajuda da TI", lembra Monteiro.

O principal cliente da Runtime é a Produce and Trading Latin América (PTLA), que tem quatro fazendas no Ceará. "As caixas de frutas são rastreadas desde o processo de embalagem até a saída do contêiner para o porto." A controladora da PTLA é a The Greenery, que acompanha a produção a partir da matriz, na Holanda.

"Os varejistas precisam cada vez mais conhecer o comportamento de compra dos clientes para fidelizá-los, incrementar os gastos na loja e evitar perdas para a concorrência", afirma Noeli Pereira, sócia da Analytics, criada em 2010 para oferecer serviços de inteligência para o consumo on-line (e-customer intelligence). A empresa está instalada no Centro Incubador de Empresas Tecnológicas (Cietec), em São Paulo (SP). O principal produto da Analytics é um sistema baseado no histórico de comportamento de compra de e-consumidores. Calcula, em tempo real, quanto tempo o cliente navega pelos sites e qual o potencial do internauta na conversão de negócios. "Dependendo do visitante, o varejista pode mandar um aviso com descontos para finalizar a venda ou reduzir custos em publicidade para usuários que compram de qualquer jeito."

Para o consultor Alejandro Padron, da IBM América Latina, uma das principais tendências das soluções do mercado é permitir experiências de compras em que o cliente possa usar diferentes meios de interação com o varejista durante a busca de produtos, o recebimento de mercadorias e o período de pós-venda. "A regra vale para celulares, tablets, microcomputadores e negócios nas lojas físicas", diz. "Além disso, está em alta a utilização da TI para conhecer melhor o cliente e ajustar a variedade de itens e preços nas lojas."



Veículo: Valor Econômico



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