Sondado por rivais, Comprafacil nega venda

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O Comprafacil.com, do grupo Hermes, tornou-se em poucos anos a terceira maior empresa de venda on-line do país. Com receita bruta de R$ 1,7 bilhão em 2011, a companhia, comandada pela família Bach (de origem alemã) é maior que o site do Walmart no país. E vende mais do que o dobro da operação virtual do Magazine Luiza. Nos últimos meses, a operação acabou no centro de rumores no mercado a respeito da possibilidade de venda da empresa. Informações sobre a contratação do J.P.Morgan pela companhia, para buscar compradores ou sócio investidor para o Comprafacil, reforçaram a hipótese de mudanças no rumo do negócio.

Também acabou fortalecendo essa versão o fato de a Hermes apurar forte alta nas vendas - o Comprafacil responde por mais de 80% das vendas do grupo -, mas registrar prejuízo operacional, além de baixo nível de caixa para manter aportes contínuos no negócio, segundo balanço financeiro do grupo controlador. A Hermes também opera na venda direta, comercializando produtos por catálogo.

O comando do Comprafacil nega as informações e destaca que não tem a intenção de se desfazer do negócio neste momento. E espera faturar R$ 2 bilhões este ano.

"Nós nunca tivemos o projeto de vender. O fato é que o Comprafacil é a única das grandes do setor que só tem operação on-line, sem negócio off-line [loja física], sendo que o varejo eletrônico cresce bem mais que o tradicional", afirma Gustavo Bach, presidente da empresa e filho de Claudia Bach, empresária à frente do grupo Hermes. "O que acontece é que podemos, no futuro, daqui dois, três anos, reavaliar isso [ideia de não vender o negócio]. Mas agora, não", disse

Segundo o executivo, "é natural que a empresa seja sondada", diz. "Cansamos de receber fundo aqui. Era semana sim, semana não. Mas agora não tem nada". O Comprafacil existe desde 2003.

O Valor apurou que o Grupo Pão de Açúcar, controlador da Nova Pontocom (dona dos sites de Ponto Frio e Casas Bahia), foi procurado pelos assessores do site e fez duas propostas pela empresa - uma no ano passado e outra no começo de 2012 - e nesta segunda vez, num valor abaixo do oferecido na primeira oferta. O montante teria ficado aquém da soma pretendida pelos donos do Comprafacil, que teriam optado por postergar o plano de buscar um novo rumo para a rede. A empresa também nega essas informações.

Bach rebate também informações no mercado de que a Hermes estaria com limitações de caixa e portanto, com dificuldade para manter altos investimentos no site. "Isso não existe. Sobre esses comentários que faltam investimentos [na empresa], a verdade é que fizemos muitos investimentos", diz.

"Investimos em um novo centro de distribuição, no valor de R$ 140 milhões, e mais R$ 50 milhões em um projeto de automação", afirmou. "E a Hermes também aplicou R$ 130 milhões para um novo centro de distribuição para a operação de venda direta."

Dados do balanço de 2011 do Hermes (cujo maior negócio é o site) mostram que as vendas do grupo subiram 14% em 2011, mas o aumento nas despesas levou a um prejuízo líquido de R$ 58,5 milhões. As despesas com vendas cresceram 29,1%, as gerais e administrativas subiram 46,5% e as despesas financeiras, 119,4%. As receitas financeiras também cresceram fortemente, pouco mais de 96%. Mas o lucro operacional, que atingiu R$ 37,4 milhões em 2010, virou prejuízo operacional de R$ 72,2 milhões em 2011. E a soma de caixa e equivalente atingiu pouco mais de R$ 22 milhões. No material de resultados, a companhia não atribuiu os desempenhos à operação de catálogo ou à venda online, especificamente.

Em 2010 e 2011, a Hermes recorreu a duas emissões de debêntures no valor total de R$ 335 milhões. Na primeira operação, os recursos captados foram utilizados para alongamento do perfil da dívida de curto prazo e reforço de capital de giro. Na segunda emissão, a soma foi usada para pagamento integral da primeira emissão de debêntures e o restante para reforço do capital de giro.

Na análise da empresa, o caminho para se manter à frente do time dos maiores do mercado está em manter investimentos em infraestrutura - com reforço das áreas de logística e distribuição. O número de transportadoras que atendem a empresa aumentou mais de 50% nos últimos dois anos. "Ninguém quer passar de novo pelo que o setor passou em 2010", disse Gustavo Bach.



Veículo: Valor Econômico


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