Em sua primeira visita ao Brasil, David Marcus, o executivo-chefe do PayPal, disse que o país pode se tornar uma das cinco operações mais importantes da companhia de pagamento on-line, controlada pelo eBay. "O Brasil é o mercado que mais cresce para nós atualmente", afirmou o executivo, ontem, em São Paulo. O PayPal tem operações em mais de 190 países. Desde que montou um escritório no Brasil, há 18 meses, o número de cadastrados aumentou sete vezes, para 7,2 milhões. O número de usuários ativos (que usam o serviço pelo menos uma vez a cada dois meses) subiu quase 20 vezes, para 2,5 milhões.
Um serviço muito conhecido no comércio eletrônico, o PayPal anunciou, ontem, sua primeira iniciativa no varejo físico brasileiro. A companhia fará um teste do sistema de pagamento Check-In com a rede de cafeterias Suplicy. Com ele, os clientes poderão pagar a conta usando o aplicativo do PayPal em smartphones Android e iPhone. O cliente coloca no sistema que está no local (faz um "check-in") e o estabelecimento pode fazer a cobrança por meio de seus sistemas. Os Check-In já está em uso em vários países.
Segundo Fernando Pantaleão, diretor-geral do PayPal no Brasil, a ideia é entender a aceitação do produto e depois estender seu uso a outros estabelecimentos. De acordo com Pantaleão, o teste no Suplicy levará cerca de dois meses para levantar dados suficientes para planejar a expansão.
A iniciativa no Brasil faz parte de um esforço global do PayPal para expandir sua atuação para além do comércio eletrônico. A companhia já lançou um leitor de cartões de crédito que pode ser usado com smartphones e um dispositivo que identifica o usuário automaticamente quando ele entra em um estabelecimento conveniado. Batizado de Beacon, esse equipamento começará a ser vendido no 1º trimestre de 2014. "Queremos estar onde os consumidores gostam de fazer compras. E em países como o Brasil, a maioria das pessoas prefere as lojas físicas", disse Marcus. Segundo Mario Mello, diretor-geral do PayPal para a América Latina, ainda não há prazo para trazer os equipamentos ao país.
O investimento do PayPal em lojas físicas coloca a companhia em competição direta com empresas como Cielo e Rede. Com o serviço de pagamento digital, o varejista pode reduzir o uso dos leitores de cartão de crédito dessas companhias. Para funcionar, no entanto, o PayPal requer o uso da infraestrutura das empresas responsáveis pelas transações. O risco para as companhias tradicionais é perder o contato direto com o consumidor e, consequentemente, a relevância de suas marcas. Para Marcus, porém, a discussão é exagerada. "As pessoas fazem muito barulho por nada. Nós fazemos parcerias com essas empresas, precisamos da estrutura delas", disse.
Veículo: Valor Econômico