São Paulo - O faturamento nominal do comércio eletrônico cresceu 7,5% no primeiro semestre deste ano, mas foi impactado pela queda nos preços dos produtos. A deflação, que fez com que o tíquete médio crescesse menos no período, levou também a uma redução da projeção para o avanço do ano, que passou de 12% para 10%.
Os dados, divulgados ontem pela empresa de pesquisas Ebit, mostraram um crescimento de 3,5% no tíquete médio e de 3,9% no volume de pedidos de janeiro a junho, na comparação com igual período do ano passado. O crescimento menor do gasto, se comparado com anos anteriores, ocorreu pela deflação vista no setor, explica o CEO da Ebit, Pedro Guasti. De acordo com o Índice Fipe Buscapé, a variação de preços no e-commerce nos últimos doze meses finalizados em junho foi de -3,38%.
Com o resultado e a perspectiva de que a deflação continue pressionando o tíquete, a Ebit revisou a projeção para o crescimento do indicador no consolidado do ano, passando de uma alta de 8% para apenas 3,3%. "Revisamos a projeção para o tíquete médio em virtude da deflação do primeiro semestre, que acabou sendo maior do que esperávamos", diz.
Na plataforma de criação de lojas virtuais Nuvem Shop o cenário em relação ao tíquete médio foi semelhante ao visto no setor. De acordo com o CCO da empresa, Alejandro Vásquez, o valor médio gasto nas lojas da plataforma ficou estável no primeiro semestre do ano, em comparação ao mesmo período de 2016. O motivo, de acordo com o empresário, é justamente o comportamento da inflação no intervalo, que pressionou o indicador para baixo. Já em relação ao volume de pedidos, a Ebit elevou a estimativa para este ano, passando de uma alta de 4% para 6,5%. Guasti explica que a melhora no cenário do varejo e o resultado visto até o momento justificaram a mudança.
Mesmo assim, o impacto do volume maior de produtos não será suficiente para compensar o prejuízo que a queda nos preços deve gerar no faturamento nominal, o que explica a redução da projeção a 10%. "Estamos esperando uma deflação de 4% a 5% ao final do ano, e isso vai afetar o faturamento nominal do setor", diz.
Para chegar ao crescimento de 10% previsto para 2017, a Ebit espera que no segundo semestre o faturamento do comércio virtual acelere, crescendo entre 12% a 15%. O impulso virá das datas comemorativas (Dia das Crianças, Natal e Black Friday), da demanda reprimida e da melhora no cenário econômico. Já em relação a 2018, a previsão da empresa é que o setor volte a crescer a patamares próximos de seus níveis históricos - em torno de 15% a 20% ao ano.
Vendas mobile
Grande destaque do resultado dos primeiros seis meses de 2017, as vendas através de dispositivos móveis cresceram mais de 56%, em valor. Foi o avanço dessa modalidade que garantiu o crescimento do faturamento do setor. "Se não fosse o desempenho das vendas mobile, o setor teria retraído no período", afirma o CEO da Ebit. Em relação ao volume de pedidos a expansão foi de 35,9%, frente 2016. Já o valor médio gasto avançou 14,9%.
Com a expansão, a participação das vendas via smartphones e tabletes no total do mercado subiu para 24,6%. Ao final de junho de 2016 a participação estava em 18%. Até o final de dezembro, a perspectiva da Ebit é que a fatia das vendas mobile atinja os 30%. "Nos próximos dois anos pode chegar a 35% e acreditámos que no médio prazo deva ultrapassar os 50%", ressalta.
Na Nuvem Shop, a participação das vendas através de dispositivos móveis no total já ultrapassou os 40% e até o final do ano Vásquez estima que o valor chegue aos 50%. "O que temos observado é que a venda mobile tem atraído novos consumidores e ajudado muito no crescimento do comércio eletrônico", afirma. Em linha com a visão, o diretor de operações da Ebit, André Dias, conta que o estudo da empresa mostra que 'muitas das primeiras compras no e-commerce são feitas via smartphones'.
Assim como no setor, o crescimento das vendas por smartphones e tabletes na Nuvem Shop também foi muito maior do que o desempenho geral da plataforma. Um dos pontos que influiu no avanço, segundo Vásquez, foi a melhora da experiência mobile nas lojas virtuais. "Os e-commerces começaram a oferecer uma experiência de compra por dispositivos móveis melhor, e isso tem contribuído para o aumento das vendas da modalidade."
Fonte: DCI São Paulo