Empresas de diversos segmentos têm investido cada vez mais em tecnologia e treinamento de funcionários para diminuir perdas de produtos.
A Coop (Cooperativa de Consumo), que detém 25% de share no Grande ABC, é um exemplo. Há quatro anos a empresa conta com uma área especifica que trabalha em prol da diminuição de perdas. Atualmente o índice mensal de perda é de 1,57%, mas a meta é reduzir para 1,34% até o final de 2008, avisa o coordenador da área Ricardo Miranda. Para chegar nesse patamar, Miranda afirma que tem investido em treinamento e qualificação de seu pessoal. "Os processos foram melhorados para evitar perda", comenta.
A empresa investe um pouco mais de 1,3% de seu faturamento mensal na prevenção de perdas. Segundo Miranda, entre tantos motivos que levam a perda, a troca de mercadoria é responsável por 0,57% das perdas.
O mesmo fez o empresário Luiz Carlos Henrique dono da drogaria Drogal São Bernardo. Ele afirma que há dois anos tinha uma perda entre 4% e 5% de seu faturamento. Hoje, depois que investiu em treinamento de seus funcionários e instalou equipamentos, essa margem reduziu para 1%. "Investi cerca de R$ 10 mil em circuito interno de televisão - que grava movimentos bruscos e rápidos - e na implantação de sensor na porta", explica.
Segundo ele, com a instalação do sensor uma porta foi fechada, o que reduziu 50% de sua entrada. Ele ainda afirma que tem um custo de R$ 500 mensal para manter o sensor funcionando. "Muitas pessoas não usam corretamente o equipamento, o que tira sua eficácia". Outra solução encontrada pelo empresário foi escalar funcionários por sessões. "Dessa forma, cada um fica atento a um determinado lugar", completa. Segundo Henrique, outra solução encontrada para diminuir perdas foi fazer uma parceria junto com a indústria farmacêutica - que é sensível a causa . "Se o produto vence ou estraga, trocamos sem problemas. Muitas vezes o cliente esbarra e quebra algo sem querer".
O grupo Pão de Açúcar também tem uma área de prevenção de perdas, desde 1999. A maior preocupação da empresa é com a categoria de perecíveis, e no geral avarias operacional e furto (interno/externo). Segundo o grupo, fortes ações preventivas realizadas no dia a dia das lojas possibilitaram redução de investimentos em tecnologia. A empresa não divulgou dados.
Paralelamente, foram intensificados os investimentos em treinamentos operacionais com maior participação de colaboradores, totalizando 50 mil funcionários. Para a empresa, "no ramo do varejo os processos dependem de pessoas, e é claro se as mesmas não tiverem sido treinadas, o impacto na quebra é altíssimo. Se a empresa não tiver o controle de apuração das quebras é a mesma coisa queimar dinheiro".
Patrícia Vance, do Provar (Programa de Administração de Varejo), também acredita que é preciso mensurar o porque dos danos para encontrar a solução correta.
Perda no varejo brasileiro chegam a 1,99% em 2007
O varejo brasileiro registrou perdas média de 1,99% em 2007, uma alta de 0,13 pontos percentuais em relação à 2006. Foi o que revelou a 8ª Avaliação de Perdas no Varejo Brasileiro, realizada pelo Provar (Programa de Administração de Varejo), da FIA (Fundação Instituto de Administração), em parceria com a Felisoni & Associados. Segundo a pesquisa, houve um crescimento no número de empresas com área de prevenção de perdas de 64,7% em 2007 em relação a 2006.
A pesquisa indica que, em média, as empresas investem em prevenção de perdas 0,4% do faturamento líquido. No entanto, ainda 19,1% das empresas consultadas informaram que ainda não possuem uma área específica para prevenção. O estudo ainda revela que vestuário e eletroeletrônicos são os que mais conseguem identificar a origem das perdas, 43,0% e 26,9%, respectivamente, enquanto que 52% das perdas não são identificadas pelos supermercados.
Veículo: Diário do Grande ABC