39º Jantar do Ranking Abras/SuperHiper premiou os principais varejistas do País e trouxe números do estudo que atestam: mesmo com queda real na receita, setor continuou a investir e contratar
Com a presença dos principais representantes do varejo supermercadista brasileiro, de algumas personalidades públicas, altos executivos da indústria e de dirigentes da União Nacional das Entidades de Comércio e Serviços (Unecs), Abras e SuperHiper realizaram, no último dia 26 de abril, na sede da FecomercioSP, o tradicional Jantar do Ranking, que, neste ano, chegou à sua 39ª edição. Na ocasião, foi feito um rápido balanço do desempenho do setor em 2015, falou-se das expectativas para 2016, da situação do País e, mais importante, premiou-se as empresas líderes do setor.
O anfitrião, presidente da Abras, Fernando Yamada, abriu a solenidade dizendo que o Ranking Abras/SuperHiper, publicado na edição de abril da revista, representa muito mais do que apenas números. “O Ranking 2016 é a prova de que o setor não se cansa de evoluir e se reinventar. É um orgulho, para todos que atuam com supermercados, ver que não nos cansamos de desenvolver novos negócios que atendem melhor os consumidores e ajudam o País a se desenvolver, ainda mais em um período de crise”, disse o presidente da Abras. Yamada fazia clara referência ao fato de, mesmo num ano (2015) difícil para o País e para o setor, que apresentou queda real na receita de -3,25%, alguns formatos, relativamente novos, como o atacarejo, apresentarem crescimento.
Além disso, com todas as adversidades, em 2015, o autosserviço gerou mais empregos que em 2014 e investiu 60% acima das previsões iniciais, numa clara demonstração de confiança e espírito colaborativo com o País. O presidente da Abras ainda tratou da situação econômica do País e disse que, no período de bonança, os gestores da nação e a sociedade civil organizada se desligaram de aspectos da administração pública, como redução de custos, que, sem as devidas providências, resultariam em problema ao Brasil, o que, de fato aconteceu. “Nós ajudamos o Brasil a crescer em seu boom, mas nos inebriamos. Não havia base, elas não foram criadas.
Tivemos, nesse período, um governo gastador e que se descuidou da eficiência. Precisamos de um governo eficiente e estamos dispostos a ajudá-lo”.
Yamada fez questão de citar a crescente representatividade política dos supermercados, resultado da parceria, firmada em 2014, com outras entidades do setor de comércio e serviços, que se materializou na fundação da Unecs, e, por conseguinte, na criação, no início de 2015, da Frente Parlamentar Mista em Defesa do Comércio, Serviços e Empreendedorismo (Frente CSE). “Temos pautas urgentes, no Congresso, cuja votação contribuirá e muito para a retomada do crescimento econômico do País, debelando essa crise. Desses temas, podemos destacar a regulamentação do trabalho intermitente e da terceirização.”
Depois de Yamada, subiu ao palco o deputado estadual pelo PSDB, Orlando Morando, representando o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Morando reiterou a capacidade de o setor manter e gerar empregos num momento tão crítico, enfatizando seu papel não só econômico, mas, sobretudo, social. “Números, como os apresentados pelo presidente Yamada hoje, aqui, não deixam dúvidas quanto à importância do setor, que é muito maior do que se imagina numa primeira análise.
Eu diria, sem exagero, que, num momento tão cheio de desconfianças como o que vivemos, os supermercados são vendedores de esperança.”
Na sequência e para finalizar o evento, a diretora de Retail Service da Nielsen, Daniela Toledo, mostrou, com dados, que, em 2015, o supermercadista que investiu conseguiu bons resultados. Segundo ela, o cenário ruim é um fato, mas também é fato que investir em expansão de lojas, priorizar itens da cesta de perecíveis e apostar em atacarejos é uma boa saída para o momento difícil.“Nosso PIB caiu -3,8% e, com exceção à agroindústria, todos os principais setores da economia perderam receita real, o que tem muito a ver com a queda de -4% no consumo das famílias brasileiras em 2015.
Quando se observa especificamente o Ranking Abras/SuperHiper, vê-se que, das 1. 092 empresas do Ranking, 322, cerca de 29%, cresceram acima da inflação. Essas empresas apresentaram variação média no número de lojas de 10,2% em 2015, contra 1,2% de todo o autosserviço. O crescimento real desse grupo foi de 6,7%”, disse Daniela.
De acordo com a executiva da Nielsen, em todas as empresas que se destacaram em 2015, a venda de perecíveis tiveram maior importância no faturamento do que para a média das companhias supermercadistas do Ranking: 37,3% contra 36,4%. “Além disso, nessas lojas, as vendas de perecíveis crescem 40% a mais do que crescem na média do setor.”
Os dados de Daniela também apontaram para aumento da importância dos supermercados tradicionais e de vizinhança em relação aos hipermercados, inclusivequando a missão de compra é a de abastecimento.
A razão disso, segundo ela, é que os supermercados “executam” melhor os lançamentos, a precificação e proporcionam uma experiência de compra mais agradável. Pesquisa da Nielsen, aliás, mostra que quão menor a superfície, mais agradável tende a ser a experiência de compra.
“Há outro fator que torna a vida do hipermercado mais desafiadora: o e-commerce, que aumenta as vendas de eletros numa razão superior à alcançada pelos seus concorrentes, inclusive os hipermercados”, disse Daniela. Nessa mesma pesquisa, é curioso observar que os atacarejos são os que proporcionam a experiência de compra menos agradável, mas outros atributos fazem desse formato o grande sucesso do varejo no momento.
“Nossas pesquisas mostram que 86% das categorias, em comum no autosserviço e no cash & carry, crescem mais no cash & carry”, afirmou Daniela. Segundo a diretora da Nielsen, o atacarejo conquistou 1,4 milhão de novos lares em 2015 e 67% de seu crescimento, no ano, foi fruto de troca de canal, ou seja, shoppers que compravam em outras lojas e passaram a frequentar o cash & carry.