A Danone, dona das marcas de água Evian e Volvic, pretende manter suas operações no setor em países desenvolvidos, contrariando as pressões dos investidores. A empresa argumenta que sua receita na área recuperara-se lentamente depois da reação ambiental negativa contra o produto e que provocou um forte declínio nas vendas nos mercados desenvolvidos em 2008 e início de 2009. Essa queda levou alguns analistas a defender que a Danone vendesse as operações no setor - o segmento representa cerca de 18% de sua receita total - e se concentrasse em iogurtes e alimentos para bebês.
Acredita-se, contudo, que o executivo-chefe da Danone, Franck Riboud, mantenha-se comprometido com as marcas de água engarrafada nos países desenvolvidos porque o setor encaixa-se na estratégia do grupo francês de ter produtos benéficos à saúde.
As águas também desempenham um papel importante na estratégia da Danone de mudar o foco da empresa, do crescimento da receita para o crescimento dos volumes, caminho que outras empresas de bens de consumo, como a Unilever, também estão seguindo para reagir à maior dificuldade de repassar aumentos de preços aos varejistas.
A Danone, que juntamente com outras grandes produtoras de água em garrafas como a Nestlé (dona das marcas Vittel, Perrier e Poland Spring) e a PepsiCo (dona da Aquafina), foram atingidas duramente pela reação ambiental contra as águas engarrafadas em 2009 nos Estados Unidos e Europa. Os consumidores trocaram esses nomes por marcas próprias de água, refrigerantes ou, simplesmente, pela água da torneira.
As companhias reagiram às preocupações dos consumidores e passaram a usar mais plástico reciclado em suas garrafas - a Nestlé testa uma embalagem nos Estados Unidos chamada Re-Source, feita em 25% com plástico reciclado -, o que levou a uma recuperação das vendas em alguns países.
Depois de anunciar declínios nas vendas trimestrais de água no fim de 2008 e primeiro semestre de 2009, o resultado do terceiro trimestre da Danone mostrou aumento da receita no setor de 4,6%, sendo que a venda em volume subiu 9,8%. Para o quarto trimestre, a expectativa é de uma expansão em torno a 3% na receita básica com a água em garrafas. Embora países como Argentina e México tenham sido os principais motores do crescimento, os volumes vendidos pela Danone mostraram sinais de recuperação estrutural em nações da Europa, como França, Alemanha e Reino Unido.
Nos EUA, porém, onde a Evian concorre com a Fiji, os resultados da marca, tanto em volume como em receita, continuam em franco declínio, segundo a Beverage Digest. As vendas da Evian, em volumes caíram 29%, enquanto a Fiji teve queda de 10,5% e o segmento como um todo recuou 3%.
Veículo: Valor Econômico