Fabricante da Smirnoff e Johnnie Walker prevê crescer “dois dígitos altos” em 2010
Gigante mundial das bebidas, a Diageo tem o Brasil como principal mercado dentro de sua estratégia de crescimento que focará os países emergentes nos próximo anos. Tanto que a detentora das marcas Smirnoff (vodca) e Johnnie Walker (uísque) prevê que o país será o seu principal mercado na América Latina até 2012 devido ao aumento no poder de consumo da população e a maior aproximaçãode de seus produtos junto aos consumidores brasileiros com a melhora na distribuição.
Hoje, o Brasil é o segundo maior consumidor dos destilados da Diageo entre os países latino- americanos, atrás apenas da Venezuela. O fato deve-se às cargas tributárias impostas pelo governo do país vizinhopara esse tipo de destilado, que incide em ummenor preço no mercado e, consequentemente, maior volume consumido. Mesmo com essa diferença crucial para as vendas de vodcas e uísques, a operação brasileira é destaque na companhia e terá atenção especial no planejamento das ações com as marcas Smirnoff e Johnnie Walker encabeçando a estratégia no país.
“Enquanto a população de alguns países europeus está diminuindo, o Brasil se torna um mercado muito interessante por ter uma população jovem e com aumento no poder de consumo”, diz PaulWalsh, presidente mundial da Diageo. “Não queremos que as pessoas bebam mais, mas que bebam melhor. E o aumento na renda faz os consumidores aspirarem produtos que antes estavam restritos a classes mais elevadas”, avalia o executivo, ao destacar o “crescimento contínuo” que o Brasil teve em um ano de crise internacional como ano passado.
Distribuição das bebidas
Para aumentar as vendas no país, a Diageo expandirá a distribuição de seus destilados pelo mercado brasileiro. Segundo a companhia, enquanto 98% dos pontos-de-vendas brasileiros vendem cerveja, apenas 15% deles comercializam vodca e só 5% vendem uísque. “Não queremos crescer apenas entre os degustadores de destilados. Nossa intenção é atrair novos consumidores ”, dizWalsh.
Para se ter uma idéia, o Brasil é terceiro mercado em vendas da marca Smirnoff para a Diageo e quinto na comercialização de Johnnie Walker, sendo terceiro para o uísque Red Label. Segundo o presidente da empresa, o maior consumo de vodka deve-se às diferentes combinações que a bebida é consumida, seja com frutas, energético ou mesmo pura.
Maior estrutura
Para absorver o crescimento de seus negócios no país, a Diageo pretende aumentar em 30% o número de seus funcionários na operação brasileira, que atualmente é formada por 245 pessoas. “Nossa expectativa é crescer dois dígitos altos”, afirma Alexandre Louro, presidente da Diageo no Brasil.
Apesar de afirmar que os investimentos estarão focados em infraestrutura, Louro diz que a construção de uma fábrica não é o objetivo para 2010. “Mas todos os anos discutimos essa possibilidade pois o consumo no país vem crescendo”, diz ele.
Cachaça entra na estratégia de aquisições
Além do crescimento orgânico, empresa avalia compra de marca forte do destilado típico nacional
Ao mesmo tempo em que afirma que o foco de crescimento da Diageo seja o crescimento orgânico do lucro, o presidente mundial da companhia, Paul Walsh faz questão de reforçar uma outra mensagem em sua visita ao Brasil: “Se aparecerna América do Sul um bom negócio para ser adquirido, não vamos deixar passar”.
Nos últimos meses, a Diageo adquiriu uma cervejaria na Tanzânia, amarca de saquê brasileira Daiti, uma destilaria na China e outra na Escócia. “Afinal, o scotch vendido no Brasil e no resto do mundo tem que vir da Escócia”, dizWalsh.
O foco das aquisições no Brasilestá principalmente em bebidasnas quais não há marcas muito fortes, e que a experiência da Diageo em construir marcas pode fazer a diferença. “É o que fizemos com a vodca: até 20 anos atrás não havia uma marca e hoje as pessoas pedem caipirinhas de Smirnoff”, compara o presidente da Diageo no Brasil, Alexandre Louro.
Foi com essa estratégia que aempresa britânica adquiriu em dezembro o saquê Daiti, das mãos da Sakura, operação que aguarda aprovação do Ministério da Agricultura. Afinal, não faria sentido para a Diageo comprar uma marca de uísque, vodca ou vinho no país, já que seus próprios produtos são mais fortes mesmo no mercado local.
Atenção à cachaça O mesmo não vale para a cachaça, que está na mira de Louro. A Diageo já possui a Nega Fulô, e agora o executivo vê oportunidade para a compra de uma marca mais forte, de volume. “O problema é que os donos dessasmarcas possuemumvínculo passional com a empresa e pedem valores absurdos”, diz Louro. Entre as principais marcas de cachaça nas mãos das famílias fundadoras estão Ypióca, Velho Barreiro e Jamel.
Walsh também diz que será necessário investir embreve em infraestrutura de produção, muito embora a Smirnoff, única marca mundial Diageo fabricada no Brasil, seja produzida por um parceiro. “O fabricante teve que investir em uma nova linha de engarrafamento de Smirnoff Ice no fim de 2009”, diz Louro.
Os dois executivos afirmam que a possibilidade de a Diageo voltar a ter fábricas próprias no Brasil existe, conforme a escala cresça, mas que ainda não há nada de concreto neste sentido.
Veículo: Brasil Econômico