As vinícolas do Vale dos Vinhedos, no Rio Grande do Sul, esperam para o fim do mês que vem a concessão, pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), do registro de Denominação de Origem (DO) para os vinhos produzidos na região. O pedido foi protocolado em agosto e se for atendido vai garantir mais espaços para o produto nos mercados interno e externo, confiam os empresários do setor.
O novo status será uma evolução ante o selo de Indicação de Procedência (IP), conquistado pela região em 2002. Enquanto a IP relaciona determinado item à "reputação" do local de origem, a DO é a indicação geográfica que vincula a qualidade de um produto aos recursos naturais e humanos da região onde ele é produzido. No mês passado o arroz do litoral norte do Rio Grande do Sul foi o primeiro produto brasileiro a ter a Denominação de Origem reconhecida.
O presidente da Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos (Aprovale), Aldemir Dadalt, espera que em três anos mais de 2 milhões de garrafas recebam o novo selo por ano. Na safra de 2008, das 10,1 milhões de garrafas elaboradas na região, 2,1 milhões (de 13 vinícolas) conseguiram a Indicação de Procedência. Os produtos da safra de 2009 ainda estão sendo analisados.
Com a DO, as exportações do Vale dos Vinhedos poderão passar de 100 mil para 1 milhão de garrafas anuais em três anos, diz Dadalt. Sete das 31 vinícolas associadas à Aprovale já inscreveram 13 tipos de vinhos para receber o selo. Uma delas é a Don Laurindo, que a cada safra já conquista o reconhecimento de IP para cerca de 20% da produção anual de 120 mil garrafas, conforme o presidente Ademir Brandelli. Segundo ele, com a Denominação de Origem os vinhos terão um potencial de valorização de 20% no mercado interno.
A cada safra, as amostras inscritas para receber a DO terão de passar por avaliações físico-químicas e degustações técnicas na Embrapa Uva e Vinho e por análises da Secretaria da Agricultura do Estado. Para se candidatar, os vinhos e espumantes terão que ser elaborados com 100% de uvas cultivadas nas áreas que integram o Vale dos Vinhedos, incluindo partes dos municípios de Bento Gonçalves, Garibaldi e Monte Belo do Sul.
Os vinhos terão que ser produzidos só com uvas merlot, cabernet franc, cabernet sauvignon, tannat (tintas), chardonnay e riesling itálico (brancas), consideradas as de melhor adaptação à região. Os espumantes deverão ser feitos com pelos menos 60% de uvas chardonnay ou pinot noir e o restante com riesling itálico. Os vinhedos deverão ser conduzidos pelo método de espaldeira (na vertical), com produção máxima de 10 mil quilos por hectare para vinhos e 12 mil quilos/ha para espumantes.
Veículo: Valor Econômico