Nestlé adquire nova fonte de água mineral

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Depois da compra da Santa Bárbara, há dois anos, fabricante investe na segunda unidade para aumentar distribuição em SP

 

A venda de água mineral transformou- se em um negócio bilionário e ascendente para a NestléWaters, empresa do grupo suíço Nestlé. Suas 64 marcas produzidas em 36 países por pouco mais de 30mil funcionários levaram um negócio aparentemente de baixo valor agregado a faturar € 6 bilhões (R$ 13,4 bilhões) no ano passado.

 

O Brasil, contudo, não é tão expressivo no balanço global da Nestlé Waters. No ano passado, por exemplo, a América Latina, respondeu por 3,2% das vendas da empresa. Futuramente, no entanto, o cenário poderá mudar. Com o bordão “o segundo lugar é o primeiro perdedor”, Ivan Zurita, presidente da Nestlé Brasil, adquiriu há cerca de um mês uma fonte de água mineral a 27 quilômetros de São Paulo, entre Perus e Cajamar. Há dois anos, a fabricante de alimentos já havia comprado a Águas de Santa Barbara, fonte de água mineral pertencente ao empresário Antonio Carlos Curiati. A companhia não descarta a compra de outras fontes de água.

 

A Nestlé não revela o dono da fonte recém-adquirida nem o valor pago, mas admite que o objetivo é aumentar sua distribuição em São Paulo. “Estamos investindo rápido para poder expandir nosso negócio de água. Nosso problema não é capacidade, é logística. A Santa Bárbara tem uma capacidade crescente ao longo dos anos”, afirma Zurita.

 

Geograficamente, ele explica que a Nestlé é forte com o produto água — envasado com diferentes rótulos, como Pureza Vital e Levíssima, alémde águas importadas como Perrier e San Pellegrino — em São Paulo e no Rio de Janeiro. Seus planos, no entanto, visam a distribuição de água em dimensão nacional.

 

Atualmente, Zurita calcula que a Nestlé detenha 8,5% do mercado brasileiro de água mineral engarrafada, o que a coloca em terceiro lugar no ranking nacional. Contudo, ele lembra não existir uma medição exata desse mercado, uma vez que há várias versões.

 

“O mercado brasileiro de água é pulverizado, portanto nossa participação é muito pequena. Vamos tratar de ganhar a liderança, mas isso não acontece de um dia para o outro”, afirma Zurita.

 

O executivo ainda nega que a Nestlé esteja se fortalecendo em águas justamente depois do surgimento da Bonafont, da Danone. A fabricante francesa de iogurtes quer ser grande em água no Brasil. No mundo, o segmento representa 30% do faturamento anual do grupo francês, que é de € 18 bilhões, e cresce por volta de 10% ao ano.

 

Sobre a representatividade da água na receita da Nestlé, Zurita diz que “tudo é representativo no faturamento”. O volume, no entanto, ainda é pequeno. Ele calcula que a bebida responda por 5% das vendas, o equivalente a R$ 800 milhões.

 

Diante da estratégia mais agressiva, quem sabe um dia, a divisão de águas da Nestlé Brasil possa ser tão representativa quanto é a subsidiária brasileira, a segundamais importante para o grupo emfaturamento, depois dos Estados Unidos.

 

Emergentes

 

Embora a matriz suíça comemore sua posição de maior produtora de água engarrafada do mundo em 2009, a questão é que 49,1% das vendas vieram da América do Norte e 39,2% da Europa. O grupo composto por Ásia, África e Oriente Médio e o time da América Latina, considerados os futuros maiores consumidores da bebida cristalina engarrafada, responderam, no ano passado, por 8,5% e 3,2% da receita, respectivamente.

 

“Quando achar que sou um incômodo, saio da empresa”

 

Meta é manter até dezembro a taxa de crescimento já obtida de janeiro a junho

 

Repetir no segundo semestre o mesmo crescimento de 11,5% registrado de janeiro a junho é o grande desafio de Ivan Zurita, presidente da Nestlé Brasil.

 

No final de 2009, o senhor foi para a Suíça com a sugestão de elevar as vendas no Brasil neste ano em6%evoltou comameta de atingir 10%. Embora tenha ultrapassado o objetivo no primeiro semestre, acredita que no ano conseguirá atender ao pedido da matriz?

 

Nosso objetivo é manter a tendência de crescimento do primeiro semestre, mas temos de estar atentos aos custos e à gestão, que são importantes. Estamos bem frente a nossos objetivos. Ficamos mais agressivos em marketing, que registrou aumento no investimento. A agressividade é para proteger nossa posição. Até agora o resultado temsido positivo.

 

A oscilação no preço das commodities não pode prejudicar os resultados do segundo semestre?

 

Você vê a volatilidade do preço do açúcar, do café, do cacau. Compramos 14 milhões toneladas de grãos no Brasil — milho, trigo, sorgo — por ano. Qualquer variação afeta muito, uma vez que somos grandes compradores da agroindústria. Leite, por exemplo, são bilhões de litros adquiridos anualmente. Houve variações do mercado internacional, com consequências locais, que afetaram o mercado. Contudo, no fim deste ano, a Nestlé fecha com crescimento em dois dígitos. Pode ser mais de 10%. Essa é a meta.

 

O senhor diz que, emquatro anos, pretende dobrar o faturamento da Nestlé Brasil. Duplicar as vendas não é umameta ousada?

 

Em 2009, a Nestlé Brasil faturou R$ 16 bilhões. Em 2001, faturávamos R$ 4,6 bilhões. Dobrar o faturamento é factível, mas depende de variações além das que dirigimos. Esse é o nosso objetivo, e inovação, renovação, distribuição, regionalização e agressividade comercial serão os caminhos para atingi-lo.

 

Esse crescimento será pautado por novas aquisições?

 

Aquisição está dentro, mas não vai pesar tanto nos nossos resultados como não vem pesando. É lógico que depende da dimensão da companhia que você compra.

 

Na categoria de iogurtes, a Nestlé tirou o Nesvita da prateleira. Pretende lançar algum produto nessa linha?

 

Temos projetos novos. Para lançarmos qualquer tipo de produto, ele tem de estar cientificamente comprovado. Enquanto não tivermos isso claramente sustentado, não teremos lançamento. Nós vamos disputar esse mercado (de iogurtes), no qual já fomos líderes, passando a Danone. O segundo lugar é o primeiro perdedor. Não temos esta vocação. Pode demorar mais tempo, mas vamos buscar o primeiro lugar.

 

Desde 2001 o senhor ocupa a presidência da Nestlé. Já está preparando o seu sucessor?

 

Quem prepara o sucessor é a organização. Mas não estou pensando nisso. Minha base é a Suíça e lá se aposenta com 65 anos e tenho 57. No dia em que eu achar que sou um incômodo, eu saio da empresa.

 


Veículo: Brasil Econômico


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