Saquemania

Leia em 3min 30s

A bebida japonesa cai no gosto nacional e hoje há até sommeliers e cursos de degustação no Brasil

 

O saquê definitivamente caiu no gosto dos brasileiros. Antes considerado apenas uma alternativa à cachaça e à vodca na caipirinha, hoje é consumido em sua forma pura. E não só nos restaurantes japoneses, como era de costume. Atualmente, pedir uma dose de saquê é comum até nos botecos onde reinam o chope e a cerveja. “Sem dúvida foi o boom da caipirinha de saquê que estimulou o brasileiro a conhecer melhor a bebida”, confirma o consultor Alexandre Tatsuya Iida, que há seis anos abriu a Adega do Sakê, no tradicional bairro japonês de São Paulo, Liberdade.

 

Lida faz parte de um seleto grupo de brasileiros especialistas em saquê. Há dez anos, ele percebeu que a demanda pela bebida japonesa produzida a partir da fermentação do arroz estava crescendo no Brasil. Começou a pesquisar o tema e se deu conta de que não havia nada sobre o saquê no País. Filho de japoneses, Iida aproveitou seu conhecimento da língua de seus antepassados e foi aprender diretamente nos livros e sites do Japão. Há três anos, criou cursos de degustação em sua loja cuja procura cresce a cada semestre. “Tenho fila de espera”, gaba-se.

 

Uma de suas aprendizes é hoje uma das quatro saquê sommeliers do País, Yasmin Yonashiro. Com apenas 23 anos, a neta de japoneses quis aprender sobre o assunto muito mais pelo amor à arte nipônica de produzir e servir a bebida – que leva seis meses para ficar no ponto e é cheia de cerimoniais e etiquetas – do que pelo prazer em bebê-la. “Sempre achei lindo o gestual e o respeito ao próximo que toda a cultura japonesa tem”, diz ela.

 

Yasmin é referência no tema. Sommelier em um tradicional restaurante japonês de São Paulo, agora ela também é embaixadora da marca Jun Daiti, o primeiro saquê produzido pela gigante dos destilados, a Diageo. Ele é elaborado metade na Califórnia, grande centro produtor de saquê fora do Japão, e metade no Brasil. Um levantamento feito pela multinacional de bebidas foi decisivo para lançar o primeiro saquê de seu portfólio: seu consumo aumenta 30% ao ano no País. Em São Paulo, o principal mercado, um terço das caipirinhas já é feito com a bebida japonesa – ela só perde para a concorrente russa, a vodca. A demanda também tem crescido em outras praças, como Rio de Janeiro e Belo Horizonte.

 

A variedade de tipos de saquê é imensa e existem mais de quatro mil marcas pelo mundo. E, como no caso do vinho, há diversas categorias entre secos e suaves. No Brasil, há apenas uma marca totalmente produzida em território nacional, o Azuma Kirin. Na Adega do Sakê, onde há uma linha premium da bebida, uma garrafa pode custar entre R$ 20 e R$ 800.

 

Yasmin e Lida ajudam suas respectivas clientelas a entender qual o tipo mais adequado para cada pessoa. “Pri­­meiro faço uma minientrevista para saber o perfil etílico do clien­­te, depois mostro as melhores opções”, diz o consultor. Já Yasmin gosta de transmitir o seu conhecimento a respeito da história do saquê, que teve início três séculos antes de Cristo, para ambientar o cliente do restaurante. “Gosto que eles degustem da forma correta”, diz ela. Apesar do teor alcoólico elevado (14%), é considerada uma bebida feminina por sua suavidade. Iida explica que os rótulos, verdadeiras obras de arte, remetem à feminilidade ou a temas religiosos.

 

As amigas Simone Farias e Mariana Ammirabile, de São Paulo, contribuem para o fato de o saquê levar a fama de “bebida mulherzinha”. “Não consigo tomar vodca pura”, diz Simone. “Já o saquê desce suave.” As amigas trocaram a cerveja pelo destilado japonês quando saem à noite. “É a bebida da balada”, confirma Mariana. A cerveja que se cuide.

 

Veículo: Revista Isto É

 


Veja também

Importações ilegais de vinho chegam a 20% do consumo

O número de produtos que entram ilegalmente no Brasil cresceu nos últimos anos. A informação...

Veja mais
Vinícolas da Serra Gaúcha buscam selo de origem

As vinícolas do Vale dos Vinhedos, no Rio Grande do Sul, esperam para o fim do mês que vem a concessã...

Veja mais
SABMiller busca expansão na América Latina

A gigante cervejeira SABMiller estuda expandir suas operações na América Latina, região que ...

Veja mais
Um vinho de R$ 740 feito no Sul do país

Vilmar Bettú nunca gastou com propaganda: "Tive que ter paciência. Esperei que os clientes viessem comprar"...

Veja mais
Nestlé adquire nova fonte de água mineral

Depois da compra da Santa Bárbara, há dois anos, fabricante investe na segunda unidade para aumentar distr...

Veja mais
STJ livra AmBev de indenizar distribuidora de bebidas do Paraná

A 4ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) modificou decisão que havia condenado a Indús...

Veja mais
Fabricantes de 'tubaínas' vão à SDE contra a Coca-Cola

Segundo os pequenos fabricantes, programa de relacionamento da companhia com o varejo dificulta concorrência &nbs...

Veja mais
Vinícola Campo Largo desperta atenção do mercado supermercadista

Com posicionamento de vanguarda e aplicação do QRCode em rótulos de sua linha.   “Cons...

Veja mais
Distribuidores da Ambev firmam parceria com revendas da Bud dos EUA

A Confederação Nacional das Revendas Ambev e das Empresas de Logística da Distribuiçã...

Veja mais