Cade aprova acordo que permite à Ambev usar fábrica da Cerpa

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Concorrência: Schincariol e Kaiser haviam pedido veto ao negócio entre as duas cervejarias

 

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou, ontem, um acordo entre a Cerpasa, dona da Cerpa, e a Ambev, a maior fabricante de cervejas do país. O negócio prevê o uso pela Ambev de uma fábrica da Cerpa, no Pará. Apesar de o acordo ser simples e muito comum entre empresas do setor de bebidas, houve queixas da Schincariol e da Kaiser contra a Ambev.

 

A Schincariol pediu ao Cade que vetasse o negócio, dizendo que a operação "faz parte da estratégia da Ambev de dominar o mercado de cervejas" e que "a Cerpa não deverá mais existir como empresa independente, após o contrato". A Kaiser alegou que a Cerpa não será mais uma rival da Ambev.

 

"De fato, houve o argumento de que haveria a eliminação da marca Cerpa", disse o relator do processo, conselheiro Carlos Ragazzo. Mas, a análise do contrato entre a Ambev e a Cerpa o fez concluir que o negócio é a favor da concorrência no setor. "A operação envolve tão somente a utilização de capacidade ociosa", disse Ragazzo. Segundo ele, a Cerpa vai manter a sua estrutura e terá condições de continuar como empresa competitiva no mercado. Com o contrato com a Ambev, a Cerpa terá melhores condições de investir em seus produtos. "O contrato possui vigência muito curta, de um ano, prorrogado por igual período", disse Ragazzo. "Não se pode afirmar que haverá aquisição de 'market share' (participação de mercado) nem de transferência desse para a Ambev".

 

Os demais conselheiros seguiram o voto de Ragazzo e, com isso, o acordo entre as duas empresas foi aprovado por unanimidade. Os conselheiros consideraram ainda que há outras empresas rivais da Ambev com capacidade ociosa e que essa companhia não vai obter informações relevantes da Cerpa, mas apenas utilizar a estrutura da fábrica por um ano.

 

Ontem, o Cade deveria julgar a compra da Cosan pela Shell, negócio que levou à redução no número de empresas que distribuem querosene de aviação nos aeroportos, de três para duas (a Shell e a BR). A Gran Petro, que pretende atuar nesse setor, se opôs à compra da Cosan e pediu ao Cade que adote restrições ao negócio. A expectativa era de que o Cade decidisse por alguma restrição envolvendo a Cosan ou que determinasse medidas para que outras empresas possam entrar no mercado. Mas, por pedido da Shell, o julgamento foi adiado para a semana que vem.

 

Veículo: Valor Econômico


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