Varejo também acredita que festas e verão devem estimular o consumo de bebidas alcoólicas.
Varejistas apostam em expansão de 35% nas vendas de cerveja, carro-chefe do setor, entre os meses de dezembro e fevereiro.O consumo de bebidas alcoólicas ganha impulso agora no final do ano. Com o estímulo das festas e do calor, as vendas de cerveja, carro-chefe desse segmento, devem crescer 15% entre dezembro e fevereiro, na comparação com o mesmo período do ano passado, de acordo com o Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindicerv). No varejo, as projeções são ainda mais otimistas, com expectativa de expansão de até 35% para cerveja. Já no caso dos vinhos, as perspectivas são mais modestas, resultado da concorrência com os importados, que ganham espaço no País por causa do dólar baixo.
O final de ano, considerando dezembro a fevereiro, representa um terço das vendas de cerveja no País. Os negócios concretizados no período acabam refletindo o resultado do ano. O crescimento esperado nas vendas do setor em 2010 é de 14%, totalizando 12,3 bilhões de litros comercializados no mercado ao longo do ano. De acordo com o Sindicerv, para acompanhar a demanda aquecida os fabricantes do setor investirão até R$ 8 bilhões em novas plantas e na ampliação de unidades já existentes. Esse valor supera em R$ 2 bilhões o investido em 2010.
O Grupo Pão de Açúcar espera crescimento de 35% nas vendas de cervejas nacionais, e o mesmo percentual de alta para as importadas, em dezembro, na comparação com igual mês do ano passado. No caso das chamadas cervejas especiais, o grupo destaca um crescimento esperado de 100%.
Quanto aos vinhos, o Grupo Pão de Açúcar estima avanço de 15% nas vendas nesse final de ano. Esse mesmo percentual de crescimento para as vendas de vinhos é esperado pela rede de hipermercados Carrefour, que inclui os espumantes nessa conta.
À despeito do otimismo no varejo, os fabricantes de vinhos não acreditam em resultados tão expressivos. Segundo Cristiane Passarin, presidente do Sindicato da Indústria do Vinho do Estado Rio Grande do Sul (Sindivinho-RS), os números de 2010 não serão tão destacados dos resultados do ano passado, tanto para as vendas de final de ano quanto para as do acumulado. Conforme suas projeções, o setor venderá 240 milhões de litros de vinhos – finos e de mesa – em 2010, resultado igual ao do ano passado.
Segundo Cristiane, as vinícolas enfrentam problemas com os importados. Por causa do câmbio, os vinhos finos nacionais vêm perdendo espaço para os importados, sendo que hoje é possível encontrar produtos chilenos e argentinos por preços menores que os nacionais. Além disso, a expansão das cervejas especiais – que hoje representam 5% das vendas de cervejas no País – também rouba espaço dos vinhos. finos.
Quanto aos vinhos de mesa, que representam 90% das vendas do setor no mercado nacional, estes vêm perdendo espaço para as chamadas sangrias (bebidas que levam ao menos 50% de vinho), segundo a presidente do Sindivinho-RS.
A boa notícia é esperada para os espumantes, para os quais estima-se crescimento de 20% nas vendas em relação ao ano passado, chegando a 13 milhões de litros comercializados. Esse mesmo percentual de crescimento é esperado para as vendas de espumantes no final de ano. "A boa qualidade do espumante nacional, que hoje é reconhecido mundialmente, fez o consumidor brasileiro se interessar pelo produto", diz Cristiane.
Os fabricantes de vinho tentam reverter essa fase ruim ampliando as ações de marketing. Segundo Cristiane, nos últimos anos, o setor direciona R$ 3 milhões para ações de marketing, sendo que o governo arca com 25% desse montante por meio de renúncias fiscais concedidas aos fabricantes.
"Queremos aumentar esse percentual do governo para 50%, até porque, legalmente, esse percentual pode chegar a 75%", diz. "Além disso, estamos tentando modernizar o setor", complementa a presidente do Sindivinho-RS.
Veículo: Diário do Comércio - SP