Uma medida cautelar emitida pela juíza equatoriana de infância e adolescência, Piedad Calva, paralisou a produção da Cervecería Nacional (CN), a maior cervejaria do Equador e subsidiária da SABMiller desde 2005. Até que a ordem, dada em 26 de novembro, fosse revogada na tarde de sexta-feira, a CN perdeu 14 dias de produção e de vendas.
A CN ficou proibida também de exercer suas atividades comerciais, de distribuição, de marketing e patrocínio a equipes esportivas. Nesse intervalo, quem se deu bem foi a rival, a Companhia de Bebidas das Américas, Ambev.
"Se falta Pilsener, vendemos Brahma... cerveja é cerveja e um final de semana sem ela é pecado", disse um dono de bar de Guayaquil à imprensa local. Pilsener e Club Verde são as marcas da CN líderes do mercado equatoriano, liderado massivamente pela SABMiller, dona de 97% das vendas. No ano passado, a Ambev Equador faturou US$ 16 milhões e a Cervecería Nacional, US$ 292,3 milhões, de acordo com a Superintendência de Companhias do país.
A decisão da Justiça foi tomada devido a um processo movido por ex-trabalhadores da empresa que reclamam o pagamento de participação nos lucros da companhia referentes a 16 anos de atividades. Contas da companhia no valor de US$ 90,9 milhões também foram congeladas.
Segundo o vice-presidente de assuntos corporativos da CN, Hernando Segura, a empresa perdeu US$ 3 milhões por dia de paralisação. Para tentar minimizar as perdas, a companhia colocou todos seus 1,5 mil funcionários em férias coletivas. As atividades começaram a ser retomadas na sexta-feira. O abastecimento deve voltar ao normal ao longo da semana.
Nessa quinzena em que a Ambev foi a única opção do equatoriano, o consumidor que desejou tomar cerveja provou a nova fórmula da Brahma vendida no país. Com a intenção de agradar mais ao paladar do consumidor, a Ambev lançou em outubro uma cerveja com menor teor alcoólico naquele mercado. A graduação da nova Brahma equatoriana passou de 4,8% a 4,2%. A direção da Ambev no Brasil não quis comentar o assunto.
O mercado de cervejas no Equador movimenta 5,146 milhões de hectolitros ao ano e tem taxa de consumo de 38 litros per capita anualmente. No Brasil, o consumo per capita é de 54 litros anuais e a movimentação chegou em 2009 a 107 milhões de hectolitros.
Veículo: Valor Econômico