Quem não é da Bahia, dificilmente conhece ou já ouviu falar da pequena Alagoinhas. A cidade de 157,8 mil habitantes, entretanto, está ficando famosa entre os representantes da indústria de bebidas. Além da fábrica de cerveja e refrigerantes da Schincariol, inaugurada em 1997, a cidade agora está recebendo novos investimentos: a primeira unidade de bebidas não alcoólicas da peruana San Miguel, a terceira fábrica de latinhas da Latapack-Balle a ampliação da capacidade da pioneira Schincariol. Somados, os três investimentos chegam a R$ 642,7 milhões.
"Alagoinhas está se tornando um novo polo industrial de bebidas", diz o secretário de desenvolvimento econômico do município, Rannyery Miranda. "Seremos a capital do refrigerante", acrescenta ele.
Além de incentivos fiscais (redução do Imposto sobre Serviços, o ISS , de 5 para 2,5 % e isenção de taxas, como ITBI e IPTU), a cidade baiana tem também um precioso atrativo natural para a indústria de bebidas: fontes de água mineral. "A qualidade da água de nossas fontes é muito boa", diz o secretário.
Com incentivos fiscais, água e, claro, um mercado consumidor regional crescente, como tem sido o Nordeste do país, não foi difícil para a peruana San Miguel se decidir pela cidade. A companhia peruana, que pertence à família Añaños Jerí, está investindo US$ 25 milhões (R$ 42,7 milhões) na unidade para produzir refrigerantes, isotônicos, água mineral e sucos prontos, segundo Miranda. A primeira fábrica da empresa no país será a sexta do grupo, que é conhecido por fazer bebidas baratas direcionadas ao consumidor de mais baixa renda. A produção deve ser iniciada entre março e abril do ano que vem, se acordo com o secretário.
A Schincariol está investindo R$ 400 milhões na ampliação de sua unidade em Alagoinhas. A fábrica, segundo anunciou a companhia em maio, passará por modernização e terá a capacidade de produção aumentada. O fim da obra está previsto para o primeiro semestre de 2011.
Para fornecer latas para os dois fabricantes, a Latapack-Ball começa a construir sua terceira unidade no país em 3 de janeiro, conforme Miranda. O investimento na nova fábrica de latas e tampinhas para garrafas de vidro será de R$ 200 milhões.
"Já contamos US$ 867 milhões em investimentos do setor de latas para aumento da capacidade este ano, fora essa nova fábrica", diz Renault Castro, diretor executivo da Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alta Reciclabilidade (Abralatas).
No início deste ano, houve falta da embalagem, uma vez que a produção de latas não acompanhou a explosão no consumo de bebidas no país. Com isso, criou-se um déficit de 1,5 bilhão de latinhas, que acabou sendo suprido pela decisão do governo de permitir a importação de 1,9 bilhão de unidades com impostos reduzidos. "Com todos os investimentos em capacidade anunciados, passaremos a 25,5 bilhões de latas por ano até o final de 2011", diz Castro. Segundo ele, o consumo de bebidas, principalmente no Nordeste, deve continuar aquecido, o que leva o setor a prever um aumento de 10% na demanda por latas de 2011 em relação a este ano.
Veículo: Valor Econômico