Vinho espumante feito em terras paulistas

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Região do Circuito das Frutas aproveita tradição no cultivo da uva e aventura-se na produção da bebida

 

Tradicional produtora de uvas de mesa e vinhos artesanais, a região do Circuito das Frutas, que abrange os municípios paulistas de Atibaia, Indaiatuba, Itatiba, Itupeva, Jarinu, Jundiaí, Louveira, Morungaba, Valinhos e Vinhedo, quer se tornar também um polo produtor de espumantes. A ideia surgiu como forma de revitalizar o cultivo de uva e a produção de vinho não só no circuito, mas em todo o Estado. "Produzir espumantes é alternativa viável em São Paulo, que tem tradição no cultivo de variedades de uva de mesa, como niagara e itália. De ambas é possível obter uma bebida com ótimo potencial de consumo", diz o agrônomo Cláudio Luiz Messias.

 

Cursos. Messias coordena o Grupo de Vitivinicultura da Unicamp, que oferece cursos periódicos de vinificação de espumantes. Mais de cem produtores já fizeram o curso. "O futuro da viticultura paulista está na produção de espumantes. É um produto de bom valor agregado, estimula o turismo rural e diversifica a renda na propriedade", diz o vinicultor Edson Pigatto, de Itatiba.

 

Pigatto fez o curso da Unicamp em 2007 e, no ano seguinte, produziu as primeiras 60 garrafas de espumante. Em 2009, a produção aumentou para 600 garrafas e, este ano, foram mil garrafas. O espumante foi feito à base de niagara, itália e moscatel. "Ano que vem quero produzir 1.300 garrafas."

 

Embora o pico de consumo seja de novembro a dezembro, há demanda o ano inteiro. "O brasileiro não toma mais espumante só no fim do ano. É um produto cada vez mais acessível, tanto que estou vendendo desde agosto", diz Pigatto. Ele vende cada garrafa por R$ 20 - a garrafa de vinho custa entre R$ 8 e R$ 10 - e diz que a clientela tem aprovado a bebida. "A niagara dá um perfume frutado."

 

Pigatto diz que o espumante paulista tem sabor agradável e perlage (bolinhas de gás carbônico) muito boa. "Quanto menor o tamanho das bolhas, melhor", diz ele, que compra uva de produtores de Jundiaí e Indaiatuba. Para a produção de mil garrafas de espumante (de 750 mililitros), são processadas de 1,5 a 2 toneladas de uva. "A uva para vinho tem de ser mais madura; para o espumante, menos." No curso os produtores também aprendem que há três tipos principais de bebida. "Tem o extrabrut, seco; o brut, que contém até 15 gramas de açúcar, e o demi-sec, com até 20 gramas de açúcar", diz. O mais vendido é o brut.

 

"O monitoramento das garrafas é constante. É preciso girar cada garrafa duas vezes por dia", diz o produtor José Carlos Osso, de Itatiba. Ele fez o curso de espumantes em 2008 e, ano passado, produziu 500 garrafas. Por causa de um problema de saúde, deixou a atividade temporariamente.

 

Investimento. Produtor de vinho em Louveira (SP), Daniel Miqueletto pretende investir nos espumantes. Ele possui 4 hectares de uva niagara branca, itália rosa e moscatel e vai fazer o curso da Unicamp. "As uvas finas vão bem na região, mas precisam de manejo especial, pois são muito sensíveis a fungos", diz Miqueletto. Segundo ele, a região do Circuito das Frutas tem 5 mil hectares de uva e Louveira, o menor município do circuito, tem 450 hectares da fruta, sendo 99% dos parreiras da variedade niagara.

 

"Os produtores já sabem do potencial de fazer espumante com uvas finas. Mas o forte da região são as uvas niagara e itália, que são alternativas. Além disso, muitos viticultores têm excedente que pode virar um bom vinho-base, desde que com tecnologia adequada", diz o professor Messias.

 


Veículo: O Estado de S.Paulo


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