Coca-Cola defende preço baixo nos EUA

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Aumento médio no segundo semestre deve ficar entre 3% e 4%, o que dá um reajuste anual de até 2%

 

A Coca-Cola defendeu sua estratégia de preços nos Estados Unidos, diante de acionistas que questionavam se estaria agindo como "sabotadora" no mercado de refrigerantes ao manter baixos os valores em seu mercado doméstico.

 

O CEO da Coca-Cola, Muhtar Kent, foi perguntado, em encontro com investidores organizado ontem pela Sanford Bernstein, por que a maior fabricante de refrigerantes do mundo, em receita, não elevava os preços de forma mais agressiva na América do Norte, como resposta ao aumento nos custos de produção.

 

"Quanto à estratégia de 'sabotador', não acho que entremos nesses critérios", disse Kent. "Sinalizamos diretamente que haverá mais [aumentos de preços] e, mundialmente, provamos ao longo de períodos de inflação que somos capazes de administrar nossas operações graças a nossos canais e embalagens múltiplas. Todas as vezes que houve períodos de inflação, saímos dele mais fortes."

 

Analistas na reunião disseram que "100%" das questões apresentadas por acionistas da Coca-Cola referiam-se à estratégia de preços nos Estados Unidos.

 

Kent disse ser provável que a Coca-Cola eleve os preços em média de 3% a 4% durante o segundo semestre em relação ao mesmo período de 2010, o que resultaria em aumento médio no ano de 2% a 3%. Anteriormente, a empresa considerava provável aumento anual de 1% a 2%.

 

"Estamos vendendo momentos de prazer em um momento delicado", disse Kent, explicando que os consumidores dos EUA continuam debilitados e que se sente grato por não precisar vender imóveis ou geladeiras. "Esses preços funcionam bem para nós."

 

Assim como muitas empresas que vendem produtos embalados, a Coca-Cola vem oferecendo volumes menores como forma de estabilizar os preços.

 

A rival PepsiCo, que além de bebidas vende alimentos, calcula inflação de 8% a 9,5% em seus custos e informou que não repassará isso integralmente aos consumidores.

 

No primeiro trimestre deste ano, a receita da Coca-Cola subiu 40%, para US$ 10,5 bilhões, com seus preços relativamente baixos ajudando a manter as vendas, em volume, altas.

 

Kent afirmou continuar em busca de aquisições pontuais, mas descartou insinuações de que a Coca-Cola apresentaria oferta pela Red Bull ou pela Monster, duas empresas de bebidas energéticas que vêm sendo mencionadas como possíveis alvos. Reconheceu, no entanto, que há valor nesse segmento.

 

O executivo também disse que a Coca-Cola tinha um "plano de trabalho" para aperfeiçoar os laços com engarrafadoras locais, de forma a tornar sua cadeia de abastecimento mais ágil. Em 2010, a empresa comprou sua maior engarrafadora na América do Norte por US$ 12,3 bilhões, seguindo caminho similar ao da PepsiCo.

 

"Haverá um caminho muito melhor para nossa produção e sistema de logística", afirmou Kent.

 

Del Valle chega à galeria de marcas bilionárias da múlti

 

A Coca-Cola Company, maior fabricante de refrigerantes do mundo, conseguiu criar suas duas primeiras "marcas bilionárias" com vendas exclusivamente em mercados emergentes, anunciou a companhia ontem.

 

A Del Valle e a "Minute Maid Pulpy" (de suco de frutas) chegaram no trimestre passado ao patamar onde já estavam outras 13 marcas da companhia que vendem pelo menos US$ 1 bilhão ao ano, dentre elas Coca-Cola e Coca-Cola Zero. É a primeira vez que uma marca desenvolvida e criada em mercados emergentes alcança esse nível, de acordo com Andres Kiger, diretor sênior de marketing integrado e comunicações para a Coca-Cola na China. Del Valle - a marca de néctares de fruta da empresa no Brasil - é, segundo a empresa, a primeira marca bilionária da Coca-Cola Company com raízes na América Latina, conforme relata o relatório do primeiro trimestre de 2011 da empresa.

 

No Brasil, durante os três primeiros meses do ano, as vendas das bebidas não carbonatadas (o que inclui sucos) subiram 17% em volume em relação ao mesmo período do ano passado. No mesmo intervalo, as vendas totais da companhia cresceram bem menos: 2% na comparação com o primeiro trimestre de 2010. Naquele ano, o volume de vendas total da empresa teve alta acumulada de 11% ante 2009.

 

A mexicana Jugos Del Valle foi adquirida em 2007 em uma joint venture pela Coca-Cola Company e a também mexicana Coca-Cola Femsa. Segundo a companhia, desde a aquisição, as vendas no varejo da marca Del Valle mais que dobraram, indo de menos de US$ 500 milhões para US$ 1 bilhão. Nos últimos quatro o alcance da distribuição da marca passou de 3 para 15 países.

 

Do conjunto de marcas de sucos e néctares da Coca, Del Valle e "Minute Maid Pulpy" se juntam a outras duas, "Minute Maid" e "Simply", que já haviam atingido US$ 1 bilhão em vendas.

 

Desenvolvida na China, a "Minute Maid Pulpy" foi lançada em 2005 e é vendida atualmente em 18 mercados, incluindo Argélia, Malásia e Vietnã.

 

A estratégia da Coca de desenvolver marcas em países emergentes tem sido louvada por analistas de mercado. "A China será cada vez mais usada como mercado teste para novos lançamentos, tanto da indústria de bebidas como da de alimentos, por conta de sua enorme e diversa população. Se um produto dá certo lá, suas chances de ter sucesso no resto do mundo são muito grandes", diz Marie Jiang, analista da Pacific Epoch.

 

O mercado de sucos prontos para beber na China cresceu 16,2% no ano passado em volume, de acordo com a Euromonitor International.

 

No Brasil, as vendas de sucos e néctares cresceram 10,6%, passando de 463 milhões de litros para 513 milhões no ano passado, segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas não Alcoólicas (Abir).

 


Veículo: Valor Econômico


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