Vinhos: Rótulos chilenos popularizam bebida

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No começo dos anos 90, com a abertura das importações, os vinhos alemães de garrafa azul, leves e doces, conhecidos como Liebfraumilch, inundaram o país. O sucesso de vendas foi tanto que o comércio local acertou com os produtores alemães que os vinhos exportados para o Brasil deveriam vir, na sua maioria, em garrafas azuis. Duas décadas depois, o sucesso se repete, mas não com a bebida alemã. "Os vinhos da moda agora são os chilenos", diz Otávio Piva de Albuquerque Filho, diretor comercial da Expand, uma das maiores importadoras do produto do país.

 

Na Expand, segundo ele, houve uma alta de 40% nas vendas em volume de vinho no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. No segundo trimestre, as vendas cresceram mais 30%. "Não é só o frio que faz a procura aumentar. Tem também o preço, ajudado pela valorização do real. Mas o que conta mais é a popularização do vinho impulsionada pelos cabernet sauvignon chilenos e também pelos malbec argentinos", afirma Albuquerque Filho. "Esses vinhos estão fazendo agora o mesmo que o vinho da garrafa azul fez pelo mercado nos anos 90", conclui.

 

No Chile, as exportações de vinho tiveram alta de 11,8% em valor nos cinco primeiros meses do ano, segundo a associação de produtores chilenos Vinos de Chile. O Brasil é o quarto maior comprador dos vinhos chilenos no mundo, atrás apenas do Reino Unido, Estados Unidos e Canadá. Só em maio, as importações somaram 300 mil caixas de nove litros cada, 26,4% mais que no mesmo mês de 2010.

 

"Cada vez mais há restaurantes, bares e lanchonetes, que antes só trabalhavam com cerveja e refrigerantes, passando a servir vinho", diz o diretor da Expand. A primeira opção de muitos desses novos pontos de venda, segundo ele, são os chilenos e os argentinos.

 

Nos supermercados, acontece o mesmo. Entre os meses de maio e julho, a expectativa do Grupo Pão de Açúcar é aumentar em 20% a venda de vinhos. Com mais de mil rótulos, a companhia tem sortimento nacional e de outros 11 países. Para o inverno, o grupo trouxe 65 novos rótulos, com preços de R$ 17 a R$ 200. Além disso, montou uma equipe de 249 funcionários especializados em vinhos para atender ao consumidor nas lojas das bandeiras Pão de Açúcar, Extra e até na popular CompreBem.

 

Na rede Walmart a expectativa nacional é de vender 30% a mais neste inverno ante o mesmo período do ano passado. A empresa trabalha com cerca de 400 rótulos.

 

Segundo a Nielsen, que mede a venda de vinhos nacionais e importados em supermercados e pontos de dose (como bares), as vendas em volume da bebida cresceram 29,1% nos quatro primeiros meses do ano, com maior concentração em marcas de baixo preço.

 

"O brasileiro começa a tomar a bebida por meio do vinho de garrafão, de produção nacional", explica Albuquerque Filho. "Do garrafão passa para os chilenos reservados (não envelhecidos), para os reserva e para os gran reserva, de melhor qualidade. Depois, chega ao mercado europeu, com os italianos, franceses e espanhóis", diz o diretor.

 

Veículo: Valor Econômico


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