Encomendas de rótulos nacionais em junho e julho subiram 25% e ajudam a impulsionar projeção para o ano
Os dias e noites gelados nas últimas duas semanas no Sul e no Sudeste do país estão revigorando os ânimos das vinícolas brasileiras. Depois do crescimento de 2,7% na venda de vinhos finos nacionais no mercado interno de janeiro a maio, ante igual período de 2010, para 6,4 milhões de litros, as encomendas para o bimestre junho-julho deram um salto e chegaram a crescer 25% em comparação com os mesmos meses do ano passado, segundo levantamento feito pelo presidente do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), Júlio Fante.
Como a maior parte da demanda do setor se concentra no segundo semestre e só os três meses de inverno respondem por 30% a 35% do movimento anual, Fante acredita que as vendas acumuladas de 2011 serão de 10% a 15% superiores aos 18,2 milhões de litros do ano passado. Nos cinco primeiros meses do ano, os vinhos finos nacionais corresponderam a 24,7% do mercado total, praticamente estável em comparação com os 24,3% de 2010, segundo o Ibravin. Os importados seguem com três quartos do bolo, auxiliados pelo dólar barato.
Conforme Fante, graças ao frio intenso as entregas ao varejo aceleraram em junho para reposição dos estoques que haviam sido formados até maio. O Walmart, por exemplo, informou que vinha registrando vendas médias 20% superiores na região Sul desde o início do inverno e na primeira semana de julho, quando os termômetros despencaram ainda mais, a alta chegou a 50% sobre o mesmo período de 2010.
Uma das principais vinícolas do país, a Miolo aumentou em 10% as vendas físicas de vinhos em junho e julho na base de comparação anual, disse o diretor comercial Alexandre Miolo, sem revelar números absolutos. O primeiro semestre, que concentra 35% dos negócios da empresa, encerrou empatado com o mesmo período de 2010, mas com a arrancada forte do inverno e a sazonalidade da segunda metade do ano, a projeção para o acumulado de 2011 é de uma alta de até 20%.
"O frio é o fator que mais impulsiona a venda de vinhos", afirma o gerente comercial da Casa Perini, Franco Perini. Se é assim, as vinícolas têm mesmo o que comemorar. Ontem, o Conselho Estadual de Agrometeorologia - formado pela Secretaria da Agricultura, pela Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária, pela Emater/RS, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e pelo 8º Distrito de Meteorologia - informou que as temperaturas mínimas e máximas tendem a permanecer abaixo do padrão histórico até o fim de agosto no Estado.
Na Perini, o crescimento começou a ser sentido em maio, junto com as primeiras ondas de frio, em linha com o que aconteceu no ano passado. Com isso, o semestre já fechou com alta de 10% em volume e 25% em valor, em função do repasse parcial dos custos dos insumos e matérias-primas, disse o gerente comercial. Agora, segundo Perini, julho começou "muito bem" e se o ritmo se mantiver até agosto a empresa deve encerrar o período com alta de mais de 30%, em valor, em relação ao mesmo bimestre de 2010.
As vinícolas também garantem que têm capacidade para atender a demanda forte, mesmo quando as vendas devem superar as projeções iniciais. É o caso da Cooperativa Garibaldi, que previa despachar neste ano 50 mil caixas (o equivalente a 225 mil litros) do vinho Granja União, marca adquirida no fim de 2010 da Cordelier. Até junho, o volume já chegou a 25 mil caixas e com o movimento tradicionalmente mais forte no segundo semestre, a estimativa deve ser superada até com certa facilidade, explicou o presidente Oscar Ló.
Veículo: Valor Econômico