Sergipana Maratá compra marca de chás da Mars e quer aproveitar distribuição para crescer fora de sua região
Com sede em Itaporanga d"Ajuda, a sergipana Maratá, quarta maior torrefadora de café do Brasil, se prepara para fazer o caminho inverso de muitas companhias no Brasil. "Queremos conquistar o Sul e o Sudeste", diz Frank Vieira, diretor geral do grupo. Com negócios concentrados no Nordeste, a empresa fechou a compra da marca de chás Castellari, que pertencia à americana Mars Brasil, fabricante dos chocolates Twix e do arroz Uncle Ben"s, que, segundo comunicado oficial, agora pretende aumentar foco em suas marcas de ração para cães e gatos, chocolates e alimentos. O valor do negócio não foi divulgado.
"Além da marca e de ativos como maquinários, o negócio abre portas para Maratá chegar ao Sul e ao Sudeste, já que teremos acesso aos distribuidores da Mars para seus produtos", diz Viera.
Líder em café e em chá no Nordeste, a Maratá também produz fumo, refrescos, achocolatados, sucos, gelatinas, copos e filtros para café, entre outros itens. As vendas da unidade de torrefação de café e de chás faturou R$ 560 milhões no ano passado, e a perspectiva é fechar 2011 com crescimento de 20%, diz o diretor.
"O Sudeste é a região onde mais se consome café", diz o diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Nathan Herszkowicz. "A Maratá já tem atuação massiva no Nordeste, a região que mais cresce. Talvez ir para o Sul e Sudeste seja uma forma de fazer a empresa crescer", diz.
"O negócio com a marca Castellari vai fortalecer nossa empresa", diz Vieira, que recentemente esteve em negociações para venda da divisão de cafés para a americana Sara Lee. As discussões com a empresa, entretanto, não avançaram, conforme fontes próximas. Outras multinacionais estariam interessadas na aquisição ou em uma joint venture com a empresa sergipana, mas Vieira não fala sobre o assunto.
"Queremos expandir a marca Castellari para chás prontos, adoçantes, que são todas categorias relacionadas com as de chá e também a de café, na qual somos fortes", diz o executivo.
Consumidor deixa o mate e busca chás mais sofisticados
Houve um tempo em que chá e erva mate eram sinônimos para o consumidor brasileiro. Mas até o velho hábito de tomar a tradicional bebidas está mudando por conta do ganho de renda da população. Com mais dinheiro, o brasileiro está deixando o mate de lado para dar preferência aos chás mais sofisticados, como os de flores e frutas.
De todo chá que se vende no país, o mate representava, há dois anos, 66% do volume, segundo dados da Nielsen. As infusões de flores e frutas ficavam com 26%. Em 2010, os números se inverteram: sabores mais sofisticados chegaram a 63,2% do volume e o mate caiu para 23,2%.
"O consumidor agora quer experimentar novas versões", explica Leonardo Loureiro, analista de mercado da Nielsen. "E também quer mais praticidade", acrescenta. Prova disso é que o chá vendido solto, em caixinhas ou pacotes, vem sofrendo queda nas vendas. A infusão em saquinhos, por sua vez, cresce. De janeiro a julho deste ano, segundo a Nielsen, o chá em sachês registrou alta de 5% nas vendas, em volume, para a versão flores e frutas, na comparação com os mesmos meses de 2010. Já as vendas de chá mate a granel caíram 21% no período. No ano passado, as vendas de chás movimentaram 4,9 milhões de quilos do produto, ou R$ 270 milhões, 3,9% a mais que em 2009.
Veículo: O Estado de S.Paulo