Empresa cria jeito brasileiro de beber chá

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Com receitas adequadas ao gosto nacional, The Gourmet Tea ganha espaço no setor


Nada de xícaras. A loja colorida e moderninha da marca The Gourmet Tea serve o chá em copos. O local também não faz qualquer mistério em relação ao preparo da bebida: o trabalho, aliás, fica a cargo do próprio consumidor. Depois de examinar as latas expostas no balcão e selecionar um dos 35 sabores disponíveis, o cliente recebe um recipiente com água quente. A partir daí, conta apenas com a ajuda de um cronômetro para indicar o tempo certo de infusão.

É assim, sem nenhuma cerimônia, que a The Gourmet Tea vai criando um jeito brasileiro, bem descontraído, de consumir o chá. O estabelecimento, localizado em Pinheiros, faz parte da leva de novos endereços paulistanos dedicados essencialmente à venda da bebida. Mas se diferencia dos demais por oferecer um produto próprio. Os blends que estão à venda na loja são receitas brasileiras, criadas por Daniel Neuman e Leandro Toledano.

Amigos desde a infância, eles têm pelo menos duas coisas em comum: são formados em comércio exterior e adoram chá. Características essenciais para que a The Gourmet Tea tomasse o rumo que tomou.

A empresa foi criada em 2009 com a proposta de oferecer um produto de qualidade a um preço justo. E os sócios perceberam, logo de cara, que só resolveriam a equação se participassem de toda a cadeia produtiva da bebida. "Se nós apenas importássemos o produto final, como fazem as outras empresas, teríamos de cobrar mais caro mesmo, porque adicionaríamos a nossa margem de lucro a um produto já acabado", explica Toledano.

Foi aí que a formação em comércio exterior ajudou. Neuman e Toledano garimparam fornecedores do mundo todo até acharem as melhores ervas, sempre orgânicas e certificadas.

O segundo passo foi o mais estratégico: a criação das receitas. "Os europeus e os asiáticos gostam de chás mais fortes, mais densos. Aqui no Brasil, com esse calor, nós precisávamos oferecer uma bebida mais leve, mais suave", conta Neuman.

Depois disso, os sócios ainda tiveram de encontrar uma empresa que fizesse a mistura das ervas sem comprometer a qualidade do produto final. "Precisaríamos de um maquinário caro, por isso terceirizamos essa tarefa", diz Toledano. Os sócios, então, fecharam contrato com uma companhia norte-americana.

Aceitação. O processo trabalhoso foi recompensado pela aceitação imediata dos clientes. Embalado em charmosas latinhas de metal, que trazem as certificações norte-americana e brasileira de produção orgânica, o produto conquistou empórios chiques e restaurantes respeitados. Hoje, é vendido em 300 pontos de venda de todo o Brasil.

Os empresários preparam mostruários especiais e se dispõem a oferecer treinamento aos funcionários dos revendedores para que o produto seja exposto da maneira correta. Mas a maneira mais segura de garantir uma boa apresentação da marca é ter controle sobre o ponto de venda. Por isso, em 2010, a The Gourmet Tea ganhou uma loja.

Hoje, o estabelecimento recebe cerca de 90 clientes todos os dias. O chá é a estrela da casa. As latinhas (que rendem 4 litros) custam R$ 23,90 e uma xícara (ou melhor, um copo) sai por R$ 5,90. Mas o local também serve refeições leves, doces e salgados. Há ainda uma parede repleta de acessórios, como bules e infusores, à venda.

Em breve, a empresa vai inaugurar sua segunda unidade, no Shopping Morumbi. O convite partiu do próprio shopping - e foi um dos poucos aceitos pelos sócios. "Ainda estamos estudando nosso modelo de crescimento", avisa Toledano, que diz já ter recebido proposta para que a marca se tornasse franquia.

Para o consultor Adir Ribeiro, especializado em franquias, as lojas de chá são uma ótima maneira de ganhar o cliente e garantir bom posicionamento da marca. "Mas, para que o negócio se transforme em franquia, é precisa que a loja tenha boa rentabilidade", observa.


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