Vinhos: O difícil caminho dos importadores para ganhar a classe C

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"Nos últimos cinco ou seis anos ocorreu um alargamento da faixa social que consome vinho. Há mais oferta, menos problemas de distribuição e preço mais compatível com diferentes públicos. Foi criada uma nova dinâmica, é um espiral que está crescendo e não para mais". A avaliação é do importador Celso La Pastina, cujas vendas cresceram 25% em 2010, o mesmo percentual estimado para este ano. Como se isso não bastasse, o empresário elenca outros números que ocupam sua cabeça de forma permanente e podem desenhar um futuro ainda mais promissor.

Alguns vinhos, como os chilenos varietais, mais baratos, tiveram um aumento nas vendas da ordem de 60% nos últimos 12 meses. É o que leva Celso a concluir que, embora o vinho seja um produto de luxo, que não faz parte da lista de prioridades, virou símbolo de status como uma bebida socialmente correta até em camadas sociais de menor renda. Atualmente, o maior fenômeno de vendas da empresa é o italiano Cella, da Emilia Romana, branco ou tinto, um lambrusco frisante e doce, com 8 graus de graduação alcoólica, que custa menos de R$ 20 nos pontos de venda. Na opinião do importador, o brasileiro em geral ainda tem um paladar doce, o que explica o fato de o lambrusco ter se tornado uma porta de entrada no mundo do vinho. "A gente tem três grandes mercados para esse vinho: São Paulo, interior do estado, e o Brasil Central, que vai do Paraná até Belém do Pará."

De um modo geral, vinhos reservados chilenos que custam entre R$ 15 e R$ 20 continuam campeões de venda no país. Representam 80% das vendas da La Pastina nos últimos seis anos. "Muita gente da classe B consome esses vinhos e ainda não ousa gastar em rótulos mais caros, acima de R$ 20." O Brasil consumiu no ano passado 115 milhões de garrafas de vinho, pouco mais de meia garrafa por pessoa. "É pouquíssimo", queixa-se Celso, diante de um potencial de consumidores estimado em 20 milhões de pessoas. De acordo com esses números, se há 20 milhões que consomem 120 milhões de garrafas por ano - cada pessoa bebe uma garrafa a cada dois meses. Nas projeções do empresário, "se elas consumirem uma garrafa por mês, o mercado dobra; se passarem a tomar uma garrafa por semana, esse mercado pula de 120 milhões para 1 bilhão".

Mas para que o crescimento de consumo da classe C seja significativo nos próximos anos é fundamental investir nele. Como? "Fazendo degustações em supermercados", acredita o importador. "Nossa equipe para lojas e degustação soma 70 pessoas no Brasil e eles estão indo cada vez mais em lojas de periferia. Você tem que ir construindo a estrada. Não existe essa coisa de acender a luz e passar do escuro para o claro. O mundo do vinho é uma maratona, é preciso dar um passo e depois outro".


Veículo: Valor Econômico


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