A desaceleração da economia não deverá ofuscar o brilho dos espumantes brasileiros no fim do ano. O crescimento dos importados também não assusta, dizem os empresários do setor. Só nos dois últimos meses do ano, as vendas das vinícolas brasileiras devem alcançar entre 5,4 milhões e 5,9 milhões de litros, ante 4,6 milhões de litros no mesmo período de 2010, segundo o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin).
Seu diretor executivo Carlos Paviani prevê que as empresas fecharão o ano com venda recorde de 14 milhões a 14,5 milhões de litros, uma alta de 12% a 16% ante 2010. Para ele, o crescimento da renda dos consumidores, o aumento da qualidade e a expansão da oferta dos espumantes brasileiros são responsáveis pelo desempenho. No Rio Grande do Sul, que concentra 90% da produção nacional, há 700 vinícolas e 113 delas elaboram espumantes. Em 2004, eram apenas 54, diz ele, que projeta alta superior a 10% nas vendas em 2012.
Os importados também estão recuperando participação no mercado total, que chegou a 37,4% em 2004 e caiu para 22,2% em 2009, antes de retomar trajetória ascendente, segundo a União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra). A alta é favorecida pelo fortalecimento do real e no acumulado até outubro a fatia alcançou 28,9%.
Maior produtora de espumantes do país, a Salton prevê encerrar o ano com vendas de 5,4 milhões de litros, com alta de 16,1% sobre 2010. Cerca de 85% deste volume já foi entregue, mas os pedidos entram até a primeira quinzena de dezembro, diz o diretor-presidente Daniel Salton. Em função das festas de fim de ano e do verão no Sul e no Sudeste, 60% das encomendas ocorrem no quarto trimestre, percentual que vale como média para todo o setor.
Conforme Salton, o varejo antecipou para outubro parte das compras de novembro, com receio de que pudesse faltar produto. A vinícola reajustou os preços dos espumantes em 6% no ano para compensar parte do aumento de custos de insumos como rolhas, caixas, garrafas e salários, e o segmento deve representar 38% do faturamento bruto estimado em R$ 270 milhões em 2011. No ano passado essa fatia foi de 33,5% sobre a receita de R$ 238 milhões.
Na Miolo, a previsão é concluir 2011 com 4,2 milhões de garrafas de espumantes vendidas, o equivalente a 3,15 milhões de litros. O diretor comercial Alexandre Miolo diz que o desempenho corresponde a uma alta de 30% sobre 2010.
Os espumantes Almadén custam entre R$ 12,50 e R$ 14,90 ao consumidor e foram lançados um ano e meio depois da aquisição da vinícola de mesmo nome em Santana do Livramento, na fronteira com o Uruguai. Neste ano eles devem representar 20% da produção total da Miolo. Segundo o diretor comercial, na linha de espumantes mais caros, que passam de R$ 80 a garrafa, a alta nos nove primeiros meses do ano chegou a 50%.
Conforme Miolo, a vinícola deve fechar o ano com receita de R$ 120 milhões, ante R$ 100 milhões em 2010, beneficiada pela venda de novos produtos e pela manutenção da "curva de crescimento" dos espumantes nacionais no mercado (a fatia do segmento sobre o faturamento não foi revelada). De acordo com ele, a empresa evitou reajustes de preços em 2011 para ganhar espaço no mercado.
Veículo: Valor Econômico