Japonesa Kirin Holdings, controladora da Schincariol, e o Grupo Petrópolis, dona da Itaipava e da Crystal, prometem um sangrento duelo pelo mercado nordestino de cervejas
A pacata Alagoinhas (BA), cidade de 142 mil habitantes, localizada 108 quilômetros ao norte de Salvador, está prestes a virar palco de uma batalha entre dois gigantes. A japonesa Kirin Holdings, controladora da Schincariol, que tem uma fábrica no local há 15 anos, e o Grupo Petrópolis, dona da Itaipava e da Crystal, que vai instalar uma planta industrial e um centro de distribuição no município, prometem um sangrento duelo pelo mercado nordestino de cervejas.
A disputa regional pode ser decisiva na consolidação de uma das duas na vice-liderança nacional do setor, já que hoje há uma situação de "empate técnico" entre as empresas - pouco mais de 10% de participação para cada, em um cenário em que a Ambev reina, com por volta de 70% do mercado.
O grupo nacional assina na terça-feira o protocolo de intenções para instalar a unidade em Alagoinhas com o governo da Bahia. Será a primeira planta da Petrópolis no Nordeste. Ao longo de cinco anos, serão investidos na fábrica, segundo dados da administração estadual, R$ 1,01 bilhão. A fábrica terá capacidade de produção de 3 milhões de hectolitros de cerveja por ano, podendo ser ampliada para até o dobro.
A unidade é considerada estratégica para o crescimento das marcas Itaipava e Crystal no Nordeste, região onde o Grupo Petrópolis ainda engatinha e a Schincariol já está estabelecida, com cerca de 31% do mercado, tendo sua Nova Schin como líder em vendas em muitos municípios, em especial no interior dos Estados.
Segundo a empresa, a escolha pela Bahia - Pernambuco e Ceará também disputavam a unidade - tem motivos técnicos (como a qualidade da água no local) e logísticos, além dos benefícios fiscais oferecidos pelo governo baiano e pela prefeitura de Alagoinhas. Para a administração baiana, a decisão do Grupo Petrópolis beneficia o plano estratégico de fazer do município um polo do setor de bebidas no Nordeste.
Para o mercado, porém, o anúncio da intenção do grupo de instalar uma unidade na mesma cidade da maior rival teve sabor de declaração de guerra - que deve começar já nos próximos meses, com a disputa das fábricas pela mão-de-obra qualificada, formada pela Schincariol. Segundo o governo, a planta deve abrir 3.070 empregos diretos.
Veículo: O Estado de S.Paulo