AB InBev puxa consolidação mundial

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A investida da Anheuser-Busch InBev de adquirir o pleno controle do Grupo Modelo está impelindo o setor de cervejas aos estágios finais de uma consolidação que já dura uma década.

A AB InBev, a maior cervejaria mundial, disse na segunda-feira estar em negociações referentes à compra dos 50% do capital no Grupo Modelo que ainda não detém. Essa participação poderá custar US$ 20 bilhões à empresa, segundo pessoa familiarizada com a transação.

As cinco maiores cervejarias do mundo já controlam quase 50% do mercado mundial de cervejas. Isso deixa aos demais participantes, como a Molson Coors, a alternativa de tentar obter com dificuldade negócios menores nos mercados emergentes e defender-se de uma tomada de controle. A segunda maior cervejaria mundial, a SABMiller, abocanhou a Foster's no ano passado.

AB InBev encabeçou a farra de compras, ao gastar mais de US$ 70 bilhões para arrebatar dezenas de cervejarias. AB InBev controla 18% do mercado mundial de cerveja, enquanto a SABMiller detém 9,8%.

"A SABMiller e a AB InBev lideraram o movimento mundial de consolidação; elas têm a flexibilidade necessária para continuar a comandá-lo, e prevejo que teremos mais negócios no setor cervejeiro", diz Terry Huffine, diretor-executivo da DC Advisory. Ele atuou em aquisições como a compra, pela SABMiller, da Kompania Piwowarsak, por 732 milhões de libras esterlinas.

As cinco maiores fabricantes mundiais de cerveja respondem por 48% das vendas globais do produto, segundo a Euromonitor International. AB InBev já controla quase 50% do mercado americano de cerveja e talvez tenha de vender ativos a fim de cumprir exigências antitruste caso conclua a aquisição da participação na Modelo.

"AB InBev poderá esbarrar com a oposição dos órgãos reguladores a uma transação, uma vez que sua participação, em termos de volume, passaria de aproximadamente 48% para cerca de 56%", diz Mark Swartzberg, analista da Stifel Nicolaus, em nota divulgada na segunda-feira. "AB InBev poderá responder com a venda de algumas marcas" como Natural Light e Busch.

A Carlsberg, quarta maior cervejaria mundial, com participação de mercado de 5,6%, informou que está tentando comprar ativos na Ásia. A empresa vai investir US$ 670 milhões numa cervejaria na China, o maior mercado cervejeiro do mundo, até 2025, declarou a empresa no dia 12. A Heineken, a terceira maior, com 8,8% do mercado, também revelou estar interessada em adquirir ativos nos mercados emergentes.

Embora as cervejarias com bons volumes em caixa estejam à procura de ativos, os negócios recentes não visaram exatamente mercados emergentes de crescimento acelerado, com acesso a uma florescente classe média. A SABMiller comprou o Foster's Group para se expandir no mercado maduro da Austrália. A Molson Coors formalizou a aquisição da StarBev por 2,65 bilhões de euros em abril, o que possibilitou seu ingresso na Hungria, Romênia e Bulgária.

Qualquer alvo no mercado, no entanto, poderia não sair barato, segundo a analista Melissa Earlam. Famílias controladoras sem pressa para vender poderiam puxar os preços para cima, como a Kirin Holdings descobriu quando precisou pagar US$ 3,6 bilhões pela Schincario l, acordo feito em duas partes, em função de divisões familiares.

Com o Grupo Modelo já superando a Heineken no México, sexto maior mercado de cerveja do mundo, a AB InBev também teria a oportunidade de elevar seus lucros se encontrasse formas de comprimir os custos e, reduzindo os preços, de arrebatar mais vendas da Heineken, segundo o analista Rafael Shin, do BTG Pactual, em Nova York.

Comprar o restante do Grupo Modelo também permitiria à AB InBev ter controle integral da Corona, cerveja importada mais vendida dos EUA, de acordo com analista do Bank Degroof.

Uma aquisição poderia "dar a partida no crescimento nos EUA, cujo mercado latino é cada vez maior", escreveu o analista Marc Leemans, da Degroof, em informe divulgado segunda-feira. A América do Norte e o norte da América Latina somados representaram mais de 80% de seu lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (ebitda), escreveu. No caso de um acordo bem-sucedido, essa região seria "ainda mais importante".

Se a AB InBev assumir integralmente o Grupo Modelo, a empresa mexicana terá de pagar à Constellation Brands cerca de US$ 3,5 bilhões para obter controle do empreendimento conjunto entre ambas que importa cerveja aos EUA, de acordo com informe de analistas do Credit Suisse. A joint venture acaba no fim de 2016 e os termos da parceria preveem que o Grupo Modelo pode notificar a Constellation Brands caso tenha interesse em comprar a participação em qualquer momento até o fim de 2013, segundo o relatório do banco suíço.

A aquisição da participação no Grupo Modelo pela AB InBev poderia significar que qualquer acordo para comprar a SABMiller seria, na melhor hipótese, postergado. As ações da SABMiller chegaram a cair 2,2% com a notícia de que a banco de investimento poderia estar em negociações com o Grupo Modelo.



Veículo: Valor Econômico


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