O Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) concedeu o registro de Denominação de Origem (DO), considerado a mais valiosa modalidade de indicação geográfica, aos vinhos e espumantes do Vale dos Vinhedos, no Rio Grande do Sul.
Em 2002, os vinhos da região haviam sido os primeiros produtos brasileiros a receber Indicação de Procedência (IP), forma de identificação que demanda menos exigências do que a DO.
A Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos (Aprovale) confia na valorização do produto local no país, onde a disputa com os importados é intensa. Seu presidente, Rogério Valduga, avalia que a concessão da DO pode elevar os preços dos vinhos da região em 30% nos próximos anos no mercado doméstico.
Segundo ele, os primeiros vinhos com DO deverão chegar ao mercado "imediatamente", porque oito das 31 vinícolas filiadas à associação já têm produtos aprovados pela Embrapa Uva e Vinho e pelo o Laboratório de Referência Enológica (Laren) do governo do Rio Grande do Sul, responsáveis por atestar o cumprimento dos requisitos da DO. O grupo é formado pelas vinícolas Terragnolo, Pizzatto, Casa Valduga, Miolo, Don Cândido, Don Laurindo, Peculiare e Almaúnica.
Para receber a DO, os produtos devem ser elaborados no Vale dos Vinhedos com matéria-prima local. Os tintos precisam ter no mínimo 60% de uvas merlot e podem ser "cortados" com cabernet sauvignon, cabernet franc ou tannat. Os brancos precisam de pelo menos 60% de uvas chardonnay e o restante de riesling itálico. Para os espumantes também é exigido ao menos 60% de pinot noir ou chardonnay, com corte de riesling itálico ou pinot.
Conforme o INPI, a concessão da DO evidencia que o produto tem um diferencial por ser daquela região, com qualidades ou características devidas "exclusiva ou essencialmente ao meio, incluindo fatores naturais e humanos". A IP relaciona determinado produto à "reputação" do local de origem.
Segundo Valduga, a DO não terá efeito sobre as exportações, pois a Europa reconhece a origem dos vinhos da região desde 2007. A estimativa de Valduga é que 12 milhões a 14 milhões de garrafas de vinhos finos são produzidos por ano no Vale dos Vinhedos. Não soube informar o volume exportado, mas estima que de 5% a 10% do total já são elaborados de acordo com as regras de DO e que esse percentual pode chegar a 50% nos próximos cinco a dez anos.
Outros produtos brasileiros já têm indicação geográfica (DO ou IP): cachaça de Parati (RJ), cachaça de Salinas (MG), carne do pampa gaúcho, camarão do Ceará e o arroz do litoral norte gaúcho. É a primeira vez que vinhos brasileiros conquistam a modalidade DO.
Veículo: Valor Econômico