Cachaça artesanal movimenta mercado de R$ 7 bi no Brasil

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Empresas de pequeno porte são maioria, como a Tábua, de Salinas, que investe em parcerias para crescer


Ela é conhecida como branquinha ou marvada. Não importa o apelido, a cachaça é tradição no Brasil, que consome 99% de sua produção. Não à toa, esse mercado movimenta R$ 7 bilhões por ano — incluindo a produção da bebida, fornecimento de insumos e a comercialização.

Além das grandes e famosas marcas como a Caninha 51, o Velho Barreiroa e a Ypióca, esta última comprada recentemente pela Diageo, dona do whisky Johnie Walker, as cachaças de alambique, produzidas artesanalmente em pequenas propriedades rurais, estão conquistando espaço cada vez maior.

O empresário José Lucas Mendes conhece bem esse potencial. No início da década passada, ele deixou o seminário,onde se preparava para ser ordenado padre e mergulhou na produção de cachaça artesanal. Na propriedade da família, em Salinas (MG), cidade berço de marcas consagradas como Seleta, Boazinha e Anísio Santiago (antiga Havana), Mendes produz cerca de 350 mil litros da Tabúa por ano. Em 2010, a produção lhe rendeu R$ 2,5 milhões e possibilitou novos investimentos no alambique.

A marca, que no próximo ano completará dez anos, já está entre os principais rótulos em bares e restaurantes de Minas Gerais e São Paulo. Para comemorar o aniversário, a empresa deverá lançar uma edição especial, batizada de Tabúa 10 anos. Além disso, como estratégia para crescer, Mendes fechou uma parceria com o Pão de Açúcar. “Nossas cachaças estão nas gôndolas de toda a rede”, comemora. Outra parceria, com um empresário paulista, dono das cachaças Salivana, Beija-Flor e Paladar, deve integrar a distribuição e a produção das bebidas.

O mercado de cachaça no Brasil vem se mantendo estável nos últimos anos. Dados do Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac) apontam que atualmente são processados 1,4 bilhão de litros da bebida, por 40 mil produtores, 98% deles de pequeno porte. Ao todo são quatro mil marcas registradas, que respondem por 86% do consumo de destilados. Por outro lado, o mercado externo tem grande potencial de crescimento. “A cachaça é o terceiro destilado mais consumido no mundo”, revela José Lúcio Mendes, diretor de marketing da Expocachaça (leia sobre o evento, abaixo).

No final de julho, a região de Salinas recebeu a aprovação do pedido de indicação geográfica para a cachaça, o que deve aumentar a competitividade do produto. Além do município mineiro, apenas Parati, no Rio de Janeiro, tem o selo. “Isso vai nos ajudar a agregar mais valor à cachaça de Salinas e crescer no exterior”, explica Mendes, da Tabúa, que já negocia o início das vendas de sua marca no mercado norte-americano. Atualmente, as vendas das empresas no exterior movimentam cerca de US$ 17,3 milhões.

Seca prejudica negócios

O plano da Tabúa para 2012 era produzir ao menos 400 mil litros. Mas a seca que abateu os canaviais na região comprometeu o desempenho. “Nossa produção será de 100 mil litros”, diz Mendes. Segundo ele, a queda da produtividade não afetará de imediato o caixa da empresa, que atualmente comercializa a bebida produzida nas safras anteriores. Mas no próximo ano, a Tabúa terá que produzir 500 mil litros. “Para isso, vamos ampliar o plantio”, diz. Por isso, o lançamento de uma nova marca da Tabúa, previsto para 2013, terá que esperar.


Veículo: Brasil Econômico



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