Produto já recebeu o selo de qualidade pela Ampaq, além do registro no Ministério da Agricultura.
Um segredo no preparo de cachaça artesanal que é passado de geração em geração há mais de 150 anos é um dos traços que confere uma identidade à cachaça Barreiras. Produzida no município de Senador Modestino Gonçalves (Alto do Jequitinhonha), a cachaça - que leva o mesmo nome da fazenda onde é produzida há cinco anos - acaba de chegar ao mercado, começando a ser comercializada no último mês, novembro. Ao longo dos cinco anos, foram investidos cerca de R$ 1 milhão para uma capacidade de produção de 30 mil litros por ano. A perspectiva é que ela alcance o mercado internacional.
A cachaça recebeu o selo de qualidade da Associação Mineira de Produtores de Cachaça de Qualidade (Ampaq) no último dia 3 de dezembro, além do registro no Ministério da Agricultura há três meses. Os empresários do Grupo Mineração Pedra Menina, Guto Barbosa Mello e Ramiro Toledo se uniram há cinco anos ao mestre-cachaceiro Fernando César Sinhoroto em prol da produção da bebida e agora para sua comercialização. A bebida patrocinou a temporada de 2012 da Vesperata realizada em Diamantina (Vale do Jequitinhonha) e estará presente na 5ª edição do Cachaça Gourmet.
Como um bom mineiro, Guto Mello destaca o processo de comercialização, começando devagar e adaptando-se à demanda. "As pessoas adoram a cachaça. Buscamos uma assessoria para nos orientar sobre o próximo passo. A ideia, no primeiro momento, é conquistar um mercado como São Paulo para evitar ‘picar’ a comercialização; nossa intenção é chegarmos à capital paulista no início de 2013", informa. Mello revela ainda que já houve uma consulta do exterior também, dos Estados Unidos. "Como nunca vendemos para fora do país, precisamos sondar melhor esse mercado, qual a documentação necessária, saber se realmente vale à pena, embora as opiniões gerais sejam favoráveis a esse tipo de comércio. Se for fácil e rentável, vamos fazer", garante.
O mestre-cachaceiro Fernando Sinhoroto já realizava a produção de cachaça artesanal há 12 anos, com os conhecimentos adquiridos por herança da família de sua esposa, que produz cachaça artesanal há 150 anos na região. Antes de se unir a Guto Barbosa Mello e Ramiro Toledo, Sinhoroto já realizava a produção da bebida em pequenas quantidades e comercializava na própria região com o nome Caiana e, depois, Quilombo.
"Há 12 anos me interessei pela produção da cachaça e dei continuidade ao trabalho da família de minha esposa. Iniciei com a Caiana, mas como o nome não era registrado, perdi a marca", diz Sinhoroto.
O mestre-cachaceiro conta que o diferencial da cachaça artesanal, que é guardado a "sete chaves", está no armazenamento e na destilação. Sinhoroto dá algumas dicas: "o segredo, que vem de família, está relacionado ao tempo do processo de destilação - quanto mais tempo, melhor. Mas tem a ver também com a qualidade do fermento natural feito com milho, com o tempo de envelhecimento, com os tonéis de carvalho. Não fazemos misturas, a bebida é pura." No processo de elaboração da Barreiras, a cachaça sai do alambique e vai direto para os tonéis, não há qualquer contato manual, o processo é totalmente limpo.
Após a união do mestre-cachaceiro com Guto Mello e Ramiro Toledo, o alambique foi transferido para a Fazenda Barreiras e o produto foi rebatizado. Nos últimos cinco anos, a cachaça vem sendo produzida e, pela própria demanda dos que já conheciam o sabor da bebida, os empresários decidiram comercializá-la. "Embora a Barreiras exista há cinco anos, só agora começamos a vender a bebida que, antes, era usada para presentear os amigos. Nossa maior preocupação é que ela não se torne uma cachaça comum," diz Mello.
Vendas - Atualmente, a Barreiras é vendida em Belo Horizonte no Ronaldo Queijos e Cachaça que fica no Mercado Central (hipercentro da Capital) e no Athenas do Norte e Gringo’s Café e Restaurante, em Diamantina (Alto Jequitinhonha). A garrafa, de 700 ml com teor alcoólico de 42%, custa R$ 33,00.
Fabricada com um processo artesanal de destilação em alambique de cobre, a bebida é armazenada em tonéis de carvalho por um período mínimo de dois anos. Para a produção, as canas utilizadas são do próprio canavial da fazenda, sendo que as espécies foram desenvolvidas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). De acordo com Mello, a região do Alto Jequitinhonha é propícia para a cana.
Com a capacidade de produção de 30 mil litros/ano - 2,5 mil por mês -, de acordo com Mello pode-se até dobrar o volume para acompanhar a demanda da comercialização. O estoque atual é de 100 mil litros, já que ela é feita para envelhecer no barril de carvalho. Mello ainda destaca que para chegar à produção de 50 mil ao ano é necessário um investimento em torno de R$ 100 mil, já que a grande parte já foi realizada, com os investimentos de R$ 1 milhão ao longo dos últimos cinco anos.
"Mesmo que nosso foco incial não era a comercialização, estamos nos profissionalizando. A empresa é pequena, mas vamos trabalhar na medida em que as coisas se encaminhando, o próprio mercado vai dar o direcionamento", salienta Mello.
Veículo: Diário do Comércio - MG