Aurora leva vinho para a Alemanha

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Não há muito quem duvide: a qualidade do vinho brasileiro evoluiu bastante nos últimos anos: está mais competitivo, seu consumo no mercado interno cresce e a imagem no exterior ganha pontos de forma crescente. Em meados deste mês, começaram a chegar à Alemanha as primeiras garrafas dos vinhos Brazilian Soul, da Vinícola Aurora, de Bento Rio, na serra gaúcha, que serão apresentadas em março na Prowein, uma das maiores feiras de vinhos do mundo, realizada em Dusseldorf.

No caso dos vinhos produzidos no Rio Grande do Sul, há motivos de sobra para justificar essa expansão. "As vinícolas gaúchas fazem investimentos contínuos em tecnologia para qualificar a produção e atingir padrões mais altos de qualidade", destaca Andreia Gentilini Milan, gerente de promoção do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), que reúne entidades representativas dos produtores de uva, cooperativas e indústrias vinícolas. "Em sua maioria, os produtores são empresas familiares que apostam na matéria-prima, no desenvolvimento dos vinhedos e em tecnologias modernas para processamento da uva e embalagem dos vinhos produzidos", acrescenta.

Desde 2004, o Ibravin e outras entidades representativas do setor trabalham em parceria com Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) para promoção do vinho brasileiro no mercado internacional. A iniciativa conta com um grupo de 40 empresas produtoras e tem como alvo oito mercados prioritários: Estados Unidos, Alemanha, Inglaterra, Holanda, Suécia, Polônia, China e Canadá. No primeiro semestre do ano passado, as exportações das vinícolas brasileiras integrantes do projeto setorial somaram US$ 1,85 milhão ante US$ 996 mil registrados em igual período de 2011. "É um resultado significativo, que merece ser comemorado", diz Andreia.

Segundo explica Alceu Dalle Molle, presidente do Ibravin, a entidade trabalha em várias frentes para melhorar a qualidade do produto brasileiro. "Estimulamos pesquisas de laboratórios, por meio da Embrapa, políticas de autocontrole e fiscalização de vinhos e desenvolvemos ações em parceria com o Sebrae para adoção de boas práticas agrícolas pelos produtores, para melhoria da qualidade da uva e do vinho", conta.

Em dezembro, seis entidades representativas da cadeia produtiva da uva assinaram em Flores da Cunha, um acordo de modernização da produção, que estabelece parâmetros de referência para o recebimento, pela indústria de uva, para vinho e suco dos produtores.

Os resultados obtidos no mercado interno até agora são expressivos, segundo interpreta o executivo. Em 2012, a comercialização de espumantes avançou 12% em relação ao ano anterior, totalizando 14,7 milhões de litros. O crescimento dos sucos naturais prontos para consumo foi de 17,5%, com 55,6 milhões de litros colocados no mercado. A venda de vinhos finos e de mesa teve queda de 10% em relação a 2011, mas ainda assim alcançou um volume significativo - 224,3 milhões de litros.

Uma das maiores cooperativas vitivinícolas da América Latina, a Cooperativa Aurora, sediada em Bento Gonçalves, na serra gaúcha, distante 120 quilômetros de Porto Alegre, com 1,2 mil produtores, em 2,8 mil hectares, registra um "crescimento arrojado", informa Além Guerra, diretor-geral. A empresa atravessa um de seus melhores momentos, segundo o executivo: é líder no mercado brasileiro em vinhos, cooler e em sucos de uva integral (no qual cresceu 21% em 2012). Em espumantes o crescimento registrado foi de 10% no ano passado. Além disso a empresa computa o que considera importantes conquistas no mercado externo: já exporta para mais de 20 países, passou a vender para o Reino Unido, realiza seu primeiro embarque para a Alemanha e se consolida como a maior exportadora de espumantes do Brasil para os Estados Unidos.

A safra de 2012 beirou 55 milhões de quilos - 15 milhões de uvas finas, brancas e tintas, e 40 milhões de uvas americanas e híbridas. Do total, 70% foram para suco e 30% para vinhos, finos e de mesa. O faturamento atingiu R$ 240 milhões e a previsão é crescer 10%, chegando a uma receita de R$ 260 milhões em 2013. "Investimentos em tecnologia para produzir, envasar e elaborar o produto nas condições que o mercado exige e a conscientização do produtor para a melhoria contínua da qualidade do produto são fatores fundamentais para essa expansão", diz Guerra.

Mas ainda há muito que fazer, de acordo com Molle, que também é presidente da Cooperativa Vinícola Nova Aliança, que reúne 800 associados e desde 2010 produz vinhos finos e de mesa, espumantes, sucos de uva orgânicos, integrais e adoçados. A cooperativa processa 35 mil toneladas de uva, em dez unidades industriais, e três plantas fabris em Flores da Cunha, Farroupilhas e Caxias do Sul, totalizando 1,3 mil hectares de vinhedos. "Além do acordo fechado em outubro do ano passado, entre representantes do setor vitivinícola brasileiro com as principais associações de importadores de vinhos, para fixar em 25% a presença de vinhos finos brasileiros nas redes dos supermercados e para 15% nos demais estabelecimentos varejistas, as ações de promoção do Ibravin e dos parceiros e os investimentos das empresas em tecnologia podem contribuir para a melhoria do cenário comercial este ano", acredita Molle.



Veículo: Valor Econômico


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