Ambev perde mercado por reajuste no preço da cerveja

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Com investimento previsto de R$ 3 bilhões para este ano, companhia espera dobrar produção de Budweiser



Mesmo com um bom desempenho em 2012 — ano em que registrou lucro líquido de R$ 10,5 bilhões, com alta de 21,6%, a Ambev não esconde a cautela para este ano. Prestes a repassar um novo reajuste de preço, a companhia que já reconhece um primeiro trimestre mais fraco, se viu no ano passado perdendo participação de mercado para outras fabricantes.

Acompanhia, por meio de nota, reconheceu que “diante de ambientes macroeconômicos difíceis, especialmente no Brasil, 2013 deve apresentar um pano de fundo parecido” com o visto neste ano — quando a indústria cresceu por volta de 3%. Em 2012, a Ambev atingiu participação de mercado de 68,5%, uma queda de 50 pontos-base em relação ao ano anterior.

Mesmo diante de diversas barreiras previstas para este ano, a companhia afirmou que não vai recuar em seu plano de investimento. Segundo Nelson Jamel, vice-presidente financeiro e de relações com investidores, a Ambev vai investir R$ 3 bilhões durante o ano. O aporte, segundo o executivo, será usado para a construção de novas cervejarias nos estados de Minas Gerais e Paraná, além de Centros de Distribuição.

Com um discurso otimista, Jamel reconhece que tem vários desafios pela frente, entre eles o carnaval, que neste ano ocorreu em fevereiro afetando o desempenho da companhia. “Houve umaumento, em janeiro, no volume de estoques por causa do carnaval. Já em fevereiro, mesmo com boas vendas, houve problemas com chuva”, reconheceu o executivo. Já sobre o preço das bebidas, que só no ano passado aumentou quase 10%, Jamel afirma que os consumidores já se adaptaram no ano passado a nova realidade de preço. E novos reajustes estão programados para acontecer neste ano, nos meses de abril e outubro. “Temos uma política de repassar.

O reajuste vai ser em linha com a inflação”, ponderou o executivo. Disposta a ampliar seu volume de produção, a Ambev está atenta as oportunidades que as marcas premium podem proporcionar. Do investimento programado para 2013, a companhia, de olho na Copa de 2014, vai inaugurar a segunda fábrica da marca Budweiser neste ano. Segundo Jamel a proposta da empresa é dobrar a produção da marca. “Nossa meta é que o volume das marcas premium chegue a 8%até 2014”, estima o vice- presidente.

Atualmente as marcas premium são responsáveis por 6% do total produzido pela companhia. Fora do Brasil, a AB-Inbev lida com um processo estimado em US$ 5 milhões por não respeitar a quantidade de álcool exposta no rótulo das bebidas. Ações Segundo Jamel, a empresa tem uma assembleia marcada para o final de abril para deliberar a unificação das ações ordinárias e preferências da companhia em apenas uma classe. “A mudança vai trazer uma série de vantagens como: aumento de dividendos, redução de custos e melhorias de governanças.” Só que as incertezas sobre futuro da companhia parece não ter animado os investidores. No pregão de ontem, as ações ordinárias da Ambev (AMBV3) recuaram 2,58% cotadas a R$ 85,44.

No mesmo sentido as preferências (AMBV4) caíram 2,67% a R$ 86,38. Trimestre A maior cervejaria da América Latina reportou um salto de 21% na receita líquida no quarto trimestre, para R$ 10,13 bilhões, enquanto as vendas em volume avançaram 3,2%. A geração de caixa medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) somou R$ 5,498 bilhões, expansão reportada de 22,4%. Já o custo dos produtos vendidos (CPV) por hectolitro avançou cerca de 17% no último trimestre de 2012 sobre o mesmo período de 2011, para R$ 61,5, em meio a custos mais altos com commodities como cevada, alumínio e açúcar.

No ano, o CPV por hectolitro teve crescimento 13,7%, para R$ 60,6. A Ambev estimou no balanço que o CPV por hectolitro no Brasil em 2013 deve crescer entre um dígito alto e dois dígitos baixos, impulsionada por aumentos de impostos no país, desvalorização do real e matérias-primas mais caras. A previsão para a receita líquida por hectolitro no Brasil é de expansão de um dígito alto, após reajustes de preços em 2012 e maior foco em marcas premium e distribuição direta.


Veículo: Brasil Econômico


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